Lula convoca mobilização contra fome e para taxar os super-ricos

“Esse fórum social do G20 não pode parar. A sociedade civil precisa continuar mobilizada porque as discussões não acabam aqui. É só o começo da construção popular do G20”, disse o presidente

Lula discursa no encerramento do G20 Social. (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (16), no Rio de Janeiro, no encerramento do G20 Social, que a mobilização permanente da sociedade será fundamental para impulsionar os trabalhos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e para avançar na tributação dos super-ricos no mundo.

“Esse fórum social do G20 não pode parar. A sociedade civil precisa continuar mobilizada porque as discussões não acabam aqui. É só o começo da construção popular do G20”, disse Lula após receber a Declaração Final do G20 Social.

O presidente afirma que levará o documento aos líderes do G20 e vai trabalhar com a África do Sul para que elas sejam consideradas nas discussões do grupo do próximo evento naquele país.

“A presidência brasileira do G20 não teria avançado nas três prioridades que escolheu se não fosse a participação decisiva das organizações e movimentos que integram o G20 Social”, discursou.

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Lula considera a realização do G20 Social como um momento histórico, pois esse terceiro pilar se somou aos político e financeiro do G20.

“Aqui tomam forma a expressão e a vontade coletiva, motivadas pela busca de um mundo mais democrático, justo e diverso. Nos últimos dias, pela primeira vez na trajetória do G20, a sociedade civil de várias partes do mundo, em suas mais diversas formas de organização, se reuniu para formular e apresentar suas demandas à Cúpula de Líderes”, destaca.

Além de convocar mobilização contra a fome e para taxar os super-ricos, Lula diz que o movimento será importante para garantir o cumprimento das metas de triplicar o uso de energias renováveis e antecipar a neutralidade de emissões e para levar adiante a Ação pela Reforma da Governança Global, assegurando instituições multilaterais mais representativas.

“A presidência brasileira do G20 deixará um legado robusto de realizações, mas ainda há muito por fazer para melhorar a vida das pessoas”, destaca.

Neoliberalismo

O presidente subiu o tom contra os mercados financeiros que pressionam seu governo para fazer cortes de gastos em programas sociais.

“Para chegar ao coração dos cidadãos comuns, os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a ‘voz dos mercados’ e a ‘voz das ruas’.  O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias.  O G20 precisa discutir a sério medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas”, defende

Lula disse ainda que o G20 precisa ouvir a juventude, que enfrentará as consequências das tarefas que ficarem inacabadas.

“Precisa preservar o espaço público, para que o extremismo não gere retrocessos nem ameace direitos. Precisa se comprometer com a paz, para que rivalidades geopolíticas e conflitos não nos desviem do caminho do desenvolvimento sustentável”, afirma.

Na segunda (18) e terça-feira (19), Lula presidirá a Cúpula de Líderes do G20. Atualmente, além de 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o fórum a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio internacional.

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