Queda do desmatamento na Amazônia reduz em 12% poluição climática do país
A redução da devastação na região, em 2023, é a única responsável pela maior queda em 15 anos das emissões de gases do efeito estufa, ou seja, o maior percentual desde 2009
Publicado 07/11/2024 13:19 | Editado 08/11/2024 16:07
Dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgados nesta quinta-feira (7) pelo Observatório do Clima, aponta que a queda na taxa de desmatamento da Amazônia, em 2023, é a única responsável pela redução de 12% na poluição climática do país.
Esses números mostram que a redução da devastação na região, por enquanto, põe o Brasil mais perto de cumprir suas metas climáticas para 2025.
O país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) em 2023. Isso representa uma redução de 12% em relação a 2022, quando o país emitiu 2,6 bilhões de toneladas.
É a maior queda percentual nas emissões desde 2009, quando o país registrou a menor emissão da série histórica iniciada em 1990.
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O coordenador do SEEG, David Tsai, diz que a queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir a meta do governo em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, em inglês), para 2025, ou seja, compromissos de redução das emissões de gases de efeito estufa.
“Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso terá de mudar na nova NDC, que será proposta ainda este ano. O Brasil precisa de um plano de descarbonização consistente e que faça de fato uma transformação na economia”, considera
Outros biomas
Por outro lado, nos outros biomas as emissões por conversão de vegetação nativa aumentaram: 23% no Cerrado, 11% na Caatinga, 4% na Mata Atlântica e 86% no Pantanal. No Pampa as emissões por conversão também caíram, 15%, mas o bioma responde por apenas 1% do setor.
Influenciados pelo aumento de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB), alguns setores da economia também aumentaram suas emissões. Somando as emissões por mudança de uso da terra, a atividade agropecuária segue sendo de longe a maior emissora do país, com 74% do total.
“A agropecuária teve seu quarto recorde consecutivo de emissões, com elevação de 2,2%, devido principalmente a mais um aumento do rebanho bovino. A maior parte das emissões vem da fermentação entérica (o popular ‘arroto’ do boi), com 405 milhões de toneladas em 2023 (mais do que a emissão total da Itália). A agropecuária respondeu por 28% das emissões brutas do Brasil no ano passado”, diz nota do Observatório.