Caiado racha extrema direita após movimentos de Bolsonaro em Goiás

Governador foi à imprensa após as eleições para criticar o ex-presidente e alçar seu nome como presidenciável, após vencer queda de braço com o bolsonarismo em Goiânia e Aparecida

Foto: Reprodução

Muito preocupada com a lavação de roupa suja em público de alguns líderes políticos do Partido dos Trabalhadores, um racha fundamental para a extrema direita anda passando batido por alguns veículos de grande circulação do país. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que, em sua visão, a eleição municipal de 2024 mostrou que o país está cansado do jeito como Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados fazem política.

Declarações do governador goiano apontam para uma fissura no campo político liderado por Bolsonaro, o que pode comprometer suas intenções de influenciar o pleito de 2026.

“Ninguém aguenta mais, é uma conversa chata, cansativa, enjoada, as pessoas acham que de repente são professores de Deus. ‘Tem que ser assim, falar desse jeito, se não for assim, você é comunista’, essas coisas cansaram”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda (28).

A declaração ocorre um dia após seu candidato derrotar o nome de Bolsonaro em Goiânia. Os eleitores da capital goiana escolheram Sandro Mabel (União) para a prefeitura neste domingo (27). O candidato do governador Caiado somou 55,53% dos votos válidos, contra 44,47% do bolsonarista Fred Rodrigues (PL).

O governador faz parte do rol de aliados de Bolsonaro que estiveram presente nas mais diversas ocasiões em que a extrema direita precisou demonstrar força. Em fevereiro deste ano, por exemplo, o bolsonarismo convocou as hordas golpistas para uma demonstração de força em São Paulo contra o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Ronaldo Caiado esteve ao lado do ex-capitão, assim como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG) e Jorginho Mello (SC), além do prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB).

Na entrevista à Folha, Caiado reafirmou que será candidato à Presidência em 2026, mesmo concorrendo com outros nomes à direita.

“Que eu serei candidato no primeiro turno, serei. E vou trabalhar muito para chegar no segundo. Modéstia à parte, acho que mereço essa chance. Sem desmerecer os meus colegas que sairão também”, disse.

Inelegível, o ex-presidente Bolsonaro nutre esperanças de reverter no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão do Tribunal Superior Eleitoral que suspendeu seus direitos políticos até 2030 e concorrer

Até que a decisão dos ministros da Suprema Corte saia, o líder da extrema direita brasileira vem colecionando inimizades no seu campo político.

Em entrevista para a Veja, Caiado criticou a escolha de Bolsonaro e de seu partido de rachar as eleições em Goiânia. O governador lamentou o empenho do ex-presidente na disputa pela prefeitura de Goiânia e Aparecida de Goiânia, classificando a ida do antigo aliado como “deselegante”.

“Em relação ao Bolsonaro ter ficado aqui (Goiânia) no dia da eleição, realmente é uma atitude que não constrói nada, não teria motivo algum, já que até então eu tenho uma trajetória que a vida toda eu eu ajudei o Bolsonaro em todas as campanhas dele e não via o porquê do PL ter que fazer um enfrentamento dos nossos candidatos aqui em Goiânia e na cidade de Aparecida de Goiânia”, afirmou Caiado.

O racha em Goiás é preocupante para Bolsonaro uma vez que o Estado é o 12º maior colégio eleitoral do país, com 4,8 milhões de votantes que possuem grande apreço pelo então chefe do executivo estadual. Em 2022, Caiado foi eleito governador logo no primeiro turno ao obter 1,8 milhão de votos (51,8%).

Nas eleições municipais em 2024, Caiado sagrou-se vencedor na queda de braço com Bolsonaro. Na capital, Goiânia, e em Aparecida de Goiás, o governador obteve expressivas vitórias contra os candidatos de Bolsonaro e do PL. Juntos, os dois colégios eleitorais somam 1.366.863 eleitores, o que representa aproximadamente 28% do total de eleitores de Goiás.

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