Comício de Donald Trump em Nova York tem piada racista sobre Porto Rico

Apoiador chama Porto Rico de ‘ilha de lixo’ durante comício no Madison Square Garden. Bilionário prometeu pena de morte à imigrantes, mantendo o tom racista da campanha

Foto: Reprodução

Deu errada a tentativa da campanha republicana de produzir um showmício glorioso e triunfante no Madison Square Garden, em Nova York, neste domingo (27). Realizado para embalar a candidatura do ex-presidente Donald Trump na reta final da corrida para a Casa Branca, o evento da extrema direita ficou marcado por piadas racistas e promessa de pena de morte aos imigrantes.

Inundando o território de raízes profundamente democrata, a “maré vermelha” presenciou um festival de barbaridades racistas e xenófobas, que excederam os limites já normalizados pela torcida republicana.

A fala do humorista Tony Hinchcliffe, um dos primeiros a se apresentar no showmício de Trump, deveria ser apenas um dos atos para aquecer o público antes da atração principal. No entanto, seu discurso cheio de piadas racistas ou de mau gosto rapidamente tomou as manchetes.

Hinchcliffe chamou Porto Rico, um território americano, de ilha de lixo flutuante, disse que espera imigrantes de braços abertos enquanto gesticulava “vão embora”, e que latinos “gostam de fazer bebês”, emendando uma piada vulgar em seguida.

Porto Rico é uma das maiores populações latinas no Estados Unidos e, por ser território americano, possui direito a voto.

O cantor porto-riquenho Ricky Martin postou um trecho dos comentários em seu Instagram e escreveu, em espanhol: “Isso é o que eles pensam de nós”.  Outros artistas de origem do país caribenho também se manifestaram. Bad Bunny, um dos maiores artistas da atualidade, endossou Kamala Harris, enquanto Luis Fonsi, de “Despacito”, chamou a fala de falta de respeito.

As piadas racistas contra Porto Rico foram imediatamente criticadas pela campanha de Kamala Harris, mas também por Angel Cintron, chefe do Partido Republicano na ilha, e pela deputada republicana e aliada de Trump, Maria Elvira Salazar.

“Enojado com o comentário racista de @TonyHinchcliffe chamando Porto Rico de ‘ilha flutuante de lixo’”, disse Salazar, que participava do evento. 

Danielle Alvarez, um membro importante da campanha de Trump, disse à Reuters que a piada sobre Porto Rico “não reflete as opiniões do presidente Trump ou da campanha”.

O espaço, com capacidade para 20 mil pessoas, quase lotou. Quando Trump subiu ao palco, passavam das 19h no horário local (20h em Brasília), e enquanto falava várias pessoas foram embora.

Em seu discurso, no entanto, o candidato repetiu os principais pontos de sua campanha, atacando imigrantes e associando-os à criminalidade. Há tempos que o comportamento de Trump é criticado por capacitar supremacistas brancos com uma retórica desumanizante e racista.

Em meio a muitos aplausos, o bilionário prometeu expulsar os imigrantes sem documentos e estabelecer a “pena de morte” para aqueles que cometem assassinatos de americanos. “Os Estados Unidos são agora um país ocupado, mas em breve não serão mais”, disse.

Kamala aproveitou os ataques para tentar conquistar a comunidade porto-riquenha nos estados pêndulo, onde a eleição deverá ser decidida. “Os porto-riquenhos merecem um presidente que veja e invista em sua força”, disse a vice-presidente em um vídeo publicado nas redes sociais ao lado dos comentários de Hinchcliffe.

A vice-presidente planejou um domingo repleto de eventos na cidade mais populosa da Pensilvânia, incluindo paradas em uma igreja da comunidade afrodescendente, uma barbearia, e um restaurante porto-riquenho.

“Devemos nos levantar no dia seguinte às eleições sem nos arrependermos de nada”, disse Kamala em um comício na Filadélfia. Esta foi a 14ª viagem da vice-presidente à Pensilvânia desde que, em julho, assumiu a candidatura democrata após a desistência surpreendente do presidente Joe Biden.

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