Com abuso de poder, Nunes é reeleito prefeito em São Paulo
Neste domingo, em pleno Palácio dos Bandeirantes, o governador Tarcísio cometeu crime eleitoral ao declarar, sem provas, que o PCC estava em campanha para Boulos
Publicado 27/10/2024 19:08 | Editado 27/10/2024 19:15
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), venceu a mais constrangedora e aparelhada eleição na história de São Paulo. Com apoio envergonhado do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas com adesão ostensiva do governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Nunes foi reeleito com 59,56%% dos votos válidos, contra 40,44% de Guilherme Boulos (PSOL).
Na manhã deste domingo (27), em pleno Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio cometeu crime eleitoral ao declarar, sem provas, que a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) estava em campanha para Boulos. Segundo a versão de Tarcísio, o serviço de inteligência teria interceptado conversas que mostrariam orientação de voto no candidato do PSOL.
O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) disse não ter recebido indício nenhum sobre a denúncia. Boulos, por sua vez, afirmou que a fala de Tarcísio é “irresponsável” e “mentirosa”. De acordo com autoridades federais ouvidas pela colunista Míriam Leitão, do jornal O Globo, a manobra de Tarcísio é muito grave – e o fato de o governador estar num órgão público configura abuso de poder, marca de toda a campanha em que a máquina pública municipal foi usada de modo indiscriminado,
Não foi a única apelação e fake news da qual Boulos foi vítima. Na véspera do primeiro turno, ele foi acusado pelo candidato Pablo Marçal (PRTB) de ser usuário de cocaína. Marçal, porém, divulgou um laudo falsificado, o que pode lhe resultar em pena de inelegibilidade.
No primeiro turno, houve uma espécie de triplo empate, com três candidatos embolados até o último minuto da apuração. Além de Nunes (com 1.801.139 votos totais, ou 29,48% dos válidos) e Boulos (1.776.127 votos, 29,07%), despontou a maior surpresa destas eleições, Pablo Marçal (1.719.27 votos, 28,14%).
Ao herdar a maioria dos votos de Marçal – que tinha ajudado a dividir o eleitorado bolsonarista no primeiro turno –, Nunes chegou à vitória. Ele também foi beneficiado pela elevada abstenção deste domingo: 2,7 milhões de eleitores deixaram de votar.