Barroso defende regular redes e denuncia extremismo das Big Techs

Presidente do STF diz que empresas lucram com mecanismo perverso e extremismo. “Precisamos fazer com que mentir seja errado de novo”, disse o ministro

Foto: Gustavo-Moreno/SCO/STF

O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Luís Roberto Barroso, voltou a defender, nesta quarta (24),  a regulamentação das redes sociais e disse ser necessário “fazer com que mentir seja errado de novo”. As críticas ocorreram durante um seminário sobre inteligência artificial com juízes federais.

O ministro disse que o algoritmo das redes sociais impulsiona a radicalização de discursos e, hoje, “tribos vão criando suas próprias narrativas” e que diante das preferências políticas “as pessoas inventam aquilo que querem”.

“Uma frase clássica e verdadeira é que na vida as pessoas têm direito a suas próprias opiniões, mas não aos seus próprios fatos. O que vem acontecendo no mundo é que as tribos vão criando as suas próprias narrativas e aí nós perdemos a nossa capacidade de comunicação, porque as pessoas não trabalham mais sobre os mesmos fatos. Neste universo, a favor das narrativas e das preferências políticas, as pessoas inventam aquilo que querem. E nós precisamos fazer com que mentir seja errado de novo”, afirmou.

O presidente do Supremo disse que a regulamentação da “desinformação” é “complexa” e citou a legislação da União Europeia. Barroso participou do seminário  “O Papel do Judiciário no Contexto da Regulação, Propriedade Intelectual e da Concorrência na Economia Brasileira”, organizado pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).

Barroso afirmou que o modelo de negócios das plataformas, que impulsiona conteúdos que gerem um maior engajamento dos usuários, é um “incentivo perverso para promover o ódio, porque o ódio traz mais receita. Pessoas ganham mais dinheiro quando difundem o ódio”.

Autor