Governo Lula comemora consenso no G20 para reforma de bancos multilaterais
Plano prevê mudanças operacionais e maior coesão entre instituições para alcançar objetivos da ONU e estimular investimentos sustentáveis
Publicado 24/10/2024 11:50 | Editado 25/10/2024 08:19
Presidido pelo Brasil, o G20 aprovou nesta quarta (23), em Washington (EUA), um roteiro que visa reformar os BMDs (bancos multilaterais de desenvolvimento) na tentativa de torná-los mais capacitados para alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável previstos pela ONU (Organização das Nações Unidas).
O plano prevê reformas operacionais, aumento de capacidade financeira e maior coesão entre os bancos, além de estimular investimentos privados e recursos domésticos para impulsionar o desenvolvimento global.
Os BMDs são instituições financeiras públicas que têm como objetivo financiar projetos que estimulem o desenvolvimento econômico-social dos países que são clientes desses bancos. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o Banco Mundial são exemplos de BMDs.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comemorou na noite, em Washington, o avanço para as reformas dos MDBs.
“Nesse sentido, aumentar o impacto dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento na promoção do desenvolvimento é prioridade máxima do Roteiro do G20. Para isso, é essencial que os bancos melhorem suas matrizes de resultados e adotem estruturas de liderança mais diversas e inclusivas, tanto em termos de gênero, quanto de representação geográfica. Garantir que as vozes dos países em desenvolvimento sejam ouvidas e incluídas nos processos de governança e tomada de decisão é essencial para fortalecer a legitimidade e a eficácia dessas instituições”, afirmou Haddad em seu discurso no jantar de abertura da 4ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20.
Para o ministro, “à medida que avançarmos com essas reformas, mecanismos robustos de monitoramento serão essenciais. O Grupo de Trabalho de Arquitetura Financeira Internacional desempenhará um papel central para garantir que as ações delineadas no Roteiro do G20 sejam realizadas com a ambição e urgência necessárias. Devemos estabelecer um processo colaborativo e dinâmico para acompanhar o progresso e responder aos desafios emergentes”.
O ministro da Fazenda disse ainda que o documento recebeu contribuições de especialistas, passou por consultas junto à sociedade civil e outros mecanismos de coordenação com bancos públicos de desenvolvimento. “A negociação também contou com a participação ativa dos bancos multilaterais de desenvolvimento, individualmente ou mediante o Grupo de Presidentes dessas instituições”, disse Haddad.
Um dos focos da reforma deve ser a elevação de investimentos privados que ajudem a superar a baixa taxa de alavancagem dos bancos. A medida contempla também a mobilização de recursos domésticos e um maior incentivo de utilização de financiamento em moedas locais.
“Ao fortalecer os sistemas nacionais e expandir os recursos concessionais, os bancos estarão mais bem preparados para oferecer apoio direcionado às nações que lutam para atingir seus objetivos de desenvolvimento sustentável e enfrentar os desafios globais”, explicou Haddad.