PIB da China cresce 4,8% de janeiro a setembro

Outros indicadores oficiais também surpreenderam positivamente

PIB da China continua crescendo acima da média mundial

A economia da China continuou a expandir-se no terceiro trimestre de 2024, com um aumento de 4,6% no Produto Interno Bruto (PIB) em relação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China. Embora o resultado tenha sido inferior aos 4,7% do trimestre anterior e abaixo da meta anual de “cerca de 5%” estabelecida pelo governo, superou as expectativas dos analistas, que previam um crescimento mais modesto. Outros indicadores oficiais, como as vendas no varejo e a produção industrial, também surpreenderam positivamente, sugerindo que a economia chinesa pode estar se recuperando, ainda que de forma tímida.

Em setembro, a produção industrial subiu 5,4% em comparação com o ano anterior, e as vendas de eletrodomésticos e eletrônicos registraram um expressivo aumento de 20,5%, impulsionadas por subsídios governamentais para trocas de produtos antigos. Esses estímulos fazem parte de uma série de medidas anunciadas por Pequim nas últimas semanas para incentivar o crescimento. Entre elas, destaca-se o maior pacote de estímulos econômicos desde a pandemia, incluindo cortes significativos nas taxas de juros e hipotecas, além de incentivos para aumentar os empréstimos e o investimento no mercado de ações.

Apesar das medidas adotadas, o setor imobiliário segue sendo uma fonte significativa de preocupação. Os preços das novas moradias caíram em setembro no ritmo mais acelerado em quase uma década, refletindo uma desaceleração no setor. Para Lynn Song, economista-chefe para a China do ING, “o mercado imobiliário continua sendo o maior obstáculo para o crescimento”. Ela observa que até que os preços e os estoques de imóveis se estabilizem, o setor continuará a ser um peso sobre a economia.

O governo chinês tem atuado para minimizar os impactos desse declínio. O Banco Popular da China (PBOC) implementou um programa para incentivar instituições financeiras não bancárias a investir no mercado de ações, o que ajudou a elevar o índice CSI 300 das bolsas de Xangai e Shenzhen em 3,6%. Além disso, o governo chinês espera que a emissão de títulos públicos e os estímulos fiscais, como o recente pacote de corte de taxas, auxiliem na recuperação do investimento em ativos fixos e impulsionem o consumo interno.

No entanto, a recuperação econômica da China enfrenta desafios estruturais, como um consumo doméstico lento, a desaceleração do mercado imobiliário e uma demografia desfavorável. Harry Murphy Cruise, economista da Moody’s Analytics, destacou que as medidas de estímulo “provavelmente ajudarão a economia a alcançar a meta de crescimento de 5% para o ano”, mas alertou que mais reformas estruturais serão necessárias para garantir um crescimento sustentado a longo prazo.

O crescimento chinês também foi comparado ao desempenho de outras grandes economias. No segundo trimestre de 2024, o PIB dos Estados Unidos cresceu 3,0%, enquanto o Japão registrou uma expansão de 2,9% em termos anualizados, mostrando que, embora seu ritmo de crescimento tem sido mais moderado nos últimos meses, a China ainda se destaca entre as maiores economias globais.

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