Debate em praça pública: Boulos ouve paulistanos e responde com soluções
Em protesto pela ausência do prefeito Ricardo Nunes em vários debates, o evento permitiu interação direta com os eleitores, que expuseram preocupações e ouviram as propostas de Boulos
Publicado 18/10/2024 16:03 | Editado 18/10/2024 17:26
Na manhã desta sexta-feira (18), Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura de São Paulo, participou de um debate ao ar livre com a população na Praça Ramos, no centro da cidade. Organizado como resposta à ausência do atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes, em vários debates televisivos, o evento foi marcado pela interação direta entre o candidato e os eleitores, que puderam expor suas preocupações e ouvir as propostas de Boulos para a cidade.
O mediador Ricardo Soares abriu o evento em frente ao Teatro Municipal, afirmando: “Estamos aqui num dia quente em todos os sentidos. O povo merece respostas, e por isso criamos este debate”. O clima descontraído do encontro favoreceu a participação ativa dos moradores, que abordaram questões como saúde, transporte, meio ambiente e habitação.
Saúde pública e propostas do Poupatempo da Saúde
A primeira pergunta veio de Catarina, moradora da Baixada do Glicério, que relatou a longa espera por uma cirurgia e criticou o teleatendimento médico. Boulos aproveitou para explicar a razão do evento público: “Estamos aqui porque São Paulo é importante demais para ficar sem debate. Se o nosso adversário não quer debater, eu decidi vir conversar diretamente com o povo”. Em seguida, ele apresentou o “Poupatempo da Saúde”, uma proposta para criar 16 centros de atendimento em regiões críticas da cidade, como Itaim Paulista e Capão Redondo. Segundo ele, esses centros reduzirão as filas do SUS, agilizando consultas e exames, além de garantir mais médicos e segurança nas unidades de saúde.
Transporte público e revisão de contratos com empresas de ônibus
O sistema de transporte público, um tema recorrente nas campanhas eleitorais, também foi abordado. Boulos criticou a superlotação dos ônibus e prometeu revisar os contratos com as empresas responsáveis pela gestão do transporte. “Vamos passar a limpo todos os contratos, porque a redução da frota em 20% é inaceitável. A Prefeitura paga mais e a população sofre”, afirmou. Ele também se comprometeu a concluir obras de infraestrutura importantes, como o corredor de ônibus da M’Boi Mirim, e a construir a ponte Graúna-Gaivotas, para melhorar o tráfego na Zona Sul.
“Eu vou duplicar a M’Boi Mirim, essa novela vai acabar, e vamos fazer os corredores de ônibus saírem do papel. Quem mora no Grajaú pode ter certeza que a ponte Graúna-Gaivotas será construída”, afirmou o candidato.
Meio ambiente e críticas ao projeto do túnel da Sena Madureira
O cineasta Tony Nogueira questionou o candidato sobre o controverso projeto de construção do túnel da Sena Madureira, que prevê a derrubada de mais de 200 árvores. Boulos reafirmou sua oposição ao projeto e prometeu revê-lo caso seja eleito: “Não aceitamos esse projeto e vamos rever a partir do ano que vem”, afirmou, enfatizando a importância de soluções sustentáveis.
Inclusão de idosos e o Centro 60+
A questão da inclusão dos idosos no mercado de trabalho foi levantada por Marluce, de 60 anos, que relatou as dificuldades enfrentadas pelos mais velhos para conseguir emprego. Boulos apresentou o projeto Centro 60+, que criará 32 unidades na cidade, oferecendo não apenas lazer e cultura, mas também capacitação e requalificação profissional para essa faixa etária. O candidato destacou a importância de integrar os idosos à vida produtiva da cidade.
Ecoturismo e valorização da agricultura familiar em Parelheiro
Edivane, moradora de Parelheiros, trouxe à tona o tema do ecoturismo na Zona Sul. Boulos ressaltou o potencial da região para o desenvolvimento sustentável e garantiu que pretende ampliar os incentivos ao ecoturismo e à agricultura familiar. “Queremos valorizar a produção local e garantir que a merenda escolar seja composta por alimentos de qualidade, vindos diretamente dos agricultores familiares”, explicou.
Apagões em São Paulo e críticas à Enel
O problema dos apagões foi levantado por um morador da Lapa, que questionou a gestão de energia pela Enel e a taxa para enterramento de fios. Boulos foi enfático ao criticar a empresa, afirmando que a privatização não trouxe benefícios para os paulistanos. Ele prometeu aumentar a fiscalização sobre a Enel e a Arcesp (agência reguladora ligada ao governo estadual), além de implantar tecnologias para monitoramento das árvores da cidade, a fim de prevenir apagões causados por quedas de galhos.
A primeira questão abordada foi o caos enfrentado pela população com a linha 9 – Esmeralda, administrada pela ViaMobilidade, empresa privada responsável pela operação. “A linha 9, da CPTM, foi privatizada pelo Governo do Estado, e agora estamos vendo o preço disso”, afirmou Boulos. Ele criticou o discurso de que a privatização melhora os serviços, lembrando os problemas enfrentados com a Enel, responsável pelo fornecimento de energia na cidade, e a Sabesp, que foi alvo de propostas de privatização.
Ele também responsabilizou o atual prefeito Ricardo Nunes pelos problemas, afirmando que a Prefeitura de São Paulo falhou em realizar a poda adequada de árvores, o que agravou os efeitos das chuvas sobre a rede elétrica. “O prefeito não fez o básico: a poda de árvores. Isso é responsabilidade direta da Prefeitura, e ele mente ao tentar jogar a culpa apenas na Enel”, declarou Boulos, exibindo um contrato assinado entre a Prefeitura e a Enel, em junho deste ano, que reafirma essa responsabilidade.
Habitação e combate à gentrificação no centro de São Paulo
A questão da habitação e da especulação imobiliária foi abordada por Júlio Henrique, estudante da ITEC Santa Efigênia, que manifestou preocupação com a gentrificação no centro. Boulos apresentou sua proposta de locação social, que prevê a manutenção de imóveis de interesse social sob gestão da Prefeitura, garantindo que pessoas de baixa renda possam continuar morando em áreas valorizadas sem serem expulsas pelo aumento dos aluguéis. “Queremos um centro para todos, não só para quem pode pagar caro”, afirmou.
Segurança pública e combate à violência contra a mulher
Boulos também foi questionado sobre segurança pública e violência contra a mulher. Ele propôs dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e implementar políticas de segurança cidadã, garantindo que a periferia receba o mesmo tratamento que bairros centrais. “Aqui em São Paulo, o morador da periferia vai ser tratado com o mesmo respeito que o morador dos Jardins ou do Morumbi. Não vamos tolerar racismo ou preconceito nas abordagens”, afirmou.
No combate à violência de gênero, o candidato prometeu rigor na punição dos agressores e ampliação de políticas de proteção às mulheres.
Mudança e esperança
Em suas considerações finais, Boulos reforçou que sua candidatura representa uma alternativa de mudança para São Paulo, contrastando com o atual governo, que, segundo ele, atende aos interesses das grandes corporações. “Eles dizem que se o Boulos ganhar vai ter invasão, vai ser radicalismo. Isso é mentira. Estamos preparados para governar e vamos fazer a mudança que São Paulo precisa”, concluiu, destacando que a força da sua campanha está no diálogo direto com a população e nas propostas para enfrentar os problemas reais da cidade.
O evento terminou com aplausos do público presente, que acompanhou o debate de maneira participativa, e Boulos fez um apelo aos indecisos para que escolham a mudança nas urnas. “Vamos provar que a esperança pode vencer o medo”, finalizou o candidato.