“Educação não é gasto, saúde não é gasto”, diz Lula em defesa do orçamento
Em entrevista na Bahia, presidente diz ficar irritado com pressões para espremer orçamento e afirmou que a “economia está surpreendendo o mercado”
Publicado 17/10/2024 09:59 | Editado 18/10/2024 17:28
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta (17), ficar irritado quando é cobrado por cortar recursos em saúde, educação e, principalmente, em benefícios para a população mais pobre. Em entrevista para a rádio Metrópole, de Salvador (BA), o presidente expressou otimismo em relação à situação econômica do país e aos avanços sociais alcançados durante seu governo.
“Tem gente que fala que o Lula está gastando dinheiro à toa, está gastando com pobre. É outra coisa que fico muito irritado. Tudo que o governo faz é gasto. Se um banqueiro disser que está fazendo um banheiro, é investimento. Se disser que está arrumando a calçada, é investimento”, afirmou o presidente.
“O empresário que vai pagar o salário dos funcionários é investimento, mas, quando é o governo, é gasto. Quero dizer em alto e bom som, para mim, educação não é gasto, saúde não é gasto”, completou.
As declarações do presidente ocorrem em meio as pressões do mercado financeiro para que o orçamento de 2025 tenha cortes substanciais, segundo reza a cartilha neoliberal.
“A economia está bem e surpreendendo o mercado. Ontem fiz reunião com os principais bancos brasileiros e todos eles elogiando o crescimento: ‘presidente, vocês estão crescendo acima do mercado, as coisas estão boas, o emprego está crescendo, a massa salarial está crescendo, a inflação está mais ou menos controlada’. Está tudo mais ou menos do jeito que eu quero que esteja”, afirmou o presidente.
Em setembro, o governo subiu a expectativa de crescimento da economia brasileira de 2,5% para 3,2%.
Nesta quarta (16), o presidente recebeu no Palácio do Planalto a cúpula da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
Participaram o presidente da entidade, Isaac Sidney; o presidente do conselho diretor da entidade, Luiz Carlos Trabuco; o CEO do Itaú, Milton Maluhy; o CEO do Bradesco, Marcelo Noronha; o CEO do Santander Brasil, Mario Leão; e o presidente do Conselho de Administração do BTG, André Esteves.
Preocupação com as bets
O presidente Lula também afirmou que o governo segue monitorando a situação das bets no país. Segundo o presidente, “se regulação não der conta” de controlar o mercado, será necessário “acabar” com as bets no Brasil.
“Então nós vamos ver se a regulação dá conta, se a regulação der conta está resolvido o problema, se não der conta eu acabo, que fique bem claro. Porque você não tem controle de criança com celular na mão fazendo aposta, nós não queremos isso”, afirmou o presidente.
No início de outubro, o presidente se reuniu com ministros envolvidos nas discussões sobre o funcionamento das casas de apostas e jogos de azar on-line para definir novas medidas de controle do mercado.
“A bets na semana passada tive uma reunião com 14 ministérios para discutir as bets, e nós tinhamos uma opção ou acabava definitivamente ou regulava, e nós optamos pela regulação, e me parece que essa semana mais de 2 mil bets saíram de circulação”, concluiu
Desde a última sexta (11) a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) começou a tirar do ar sites de mais de 2 mil empresas de apostas esportivas que não estão autorizadas a funcionar no Brasil pelo Ministério da Fazenda.