62% dos brasileiros apoiam banimento de celulares nas escolas
Pesquisa Datafolha destaca preocupação com prejuízos ao aprendizado e à saúde mental; 76% da população vê mais malefícios que benefícios no uso de celulares pelos jovens
Publicado 17/10/2024 14:48 | Editado 17/10/2024 16:00
Uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Datafolha mostrou que 62% dos brasileiros com 16 anos ou mais apoiam a proibição do uso de celulares por crianças e adolescentes nas escolas, tanto durante as aulas quanto nos intervalos. Entre pais de filhos de até 12 ou 18 anos, esse índice sobe para 65%, refletindo a crescente preocupação com os impactos da tecnologia no desenvolvimento e bem-estar dos jovens.
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Mesmo com o apoio à medida, a realidade das famílias brasileiras mostra que o acesso aos aparelhos é significativo. Entre os pais de crianças com até 12 anos, 43% afirmaram que seus filhos já possuem celular próprio, e entre os que têm filhos de até 18 anos, esse número chega a 50%.
Impacto no aprendizado, bets e saúde mental
A preocupação com os prejuízos causados pelo uso do celular no aprendizado de crianças e adolescentes é ainda maior. Uma pesquisa indica que 76% dos entrevistados concordam que o dispositivo traz mais danos do que benefícios ao processo educacional. Esse índice aumenta para 78% quando se trata dos pais de crianças.
Além disso, o levantamento mostra que as mulheres são as mais preocupadas com os efeitos negativos do uso de celulares: 78% delas acreditam que os dispositivos prejudicam mais do que ajudam, enquanto 73% dos homens analisam essa visão. A pesquisa reuniu presencialmente 2.029 pessoas em 113 municípios, com uma margem de erro geral de dois pontos percentuais.
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O apoio ao banimento de celulares é maior entre pessoas com maior escolaridade. Entre aqueles que cursaram o ensino superior, 69% são designados à exclusão, em comparação com 59% entre os que têm até o ensino fundamental.
Além dos problemas relacionados ao aprendizado, a popularidade crescente dos jogos online, especialmente apostas e cassinos virtuais, tem alarmado as famílias. Empresas promoveram esses jogos até em perfis de redes sociais de crianças, contribuindo para o vício e aumentando a angústia dos pais. A exposição excessiva às telas e o acesso fácil a esses jogos são apontados como fatores que intensificam problemas como depressão, ansiedade, automutilação e até suicídio entre jovens.
Medidas do governo
Diante dessa preocupação crescente, o governo federal prepara um projeto de lei para proibir o uso de celulares em escolas públicas e privadas de todo o país. O Ministério da Educação (MEC) está desenvolvendo um pacote de medidas para prevenir os prejuízos causados pelo excesso de telas na infância e adolescência, que inclui o banimento total do uso de celulares pelos estudantes em ambientes escolares. O anúncio deverá acontecer ainda no mês de outubro.
Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo no dia 20 de setembro, o ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que o governo trabalha na formulação de uma legislação específica porque, em sua avaliação, “uma ‘recomendação’ seria muito frágil”. “Nosso objetivo é oferecer às redes de ensino segurança jurídica para que possam implementar as ações que estudos internacionais já apontam como mais efetivas, no sentido do banimento total [dos celulares nas escolas]”, disse na ocasião.
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O ministro destacou que as pesquisas demonstram impactos positivos na concessão dos celulares, não apenas na atenção e desempenho dos estudantes, mas também na saúde mental dos professores. Santana citou o relatório da Unesco, que recomenda restrições ou banimento total dos aparelhos nas escolas, apontando a relação entre o uso excessivo da tecnologia e as dificuldades de aprendizagem, além de problemas de saúde mental.
“A Unesco mostrou que 1 entre 4 países já proíbe ou possui políticas de restrição ao uso de celulares em sala de aula”, afirmou Camilo. Ele também defendeu a necessidade de um lazer sem dispositivos eletrônicos, ressaltando sua importância para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e para a redução do cyberbullying.
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com agências