SP somava neste sábado (12) mais pessoas sem luz do que a Flórida após furacão

Na noite de sábado (12), 1,4 milhão de pessoas ainda estavam sem luz. Atual prefeito procurou responsabilizar a concessionária pela falta de energia, mas esbarra na falta de ação preventiva

Ruas do bairro do Campo Limpo sem luz devido a tempestade que aconteceu em São Paulo na última sexta (11) Foto: Reprodução

Cerca de 1,4 milhão de pessoas ainda estavam sem luz na segunda noite após o temporal que atingiu a cidade de São Paulo última sexta (11). O número era maior do que o que a Flórida somava no mesmo período, após a passagem do furacão Milton.

De acordo com comunicado da empresa Enel, o serviço estava interrompido para 1,45 milhão de clientes, número que representa aproximadamente 18% do total de clientes da distribuidora em sua área de concessão.

No mesmo horário, de acordo com o site de monitoramento dos Estados Unidos poweroutgage.us, o número de clientes sem energia elétrica no estado norte-americano da Flórida era pouco abaixo do de São Paulo com 1,4 milhão. No pico da falta de luz durante a passagem do furacão, a Flórida teve mais de 4 milhões de clientes sem serviço elétrico.

Na manhã deste domingo (13), 1,3 milhão de casa ainda estavam sem luz.

Em campanha pela reeleição, o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), publicou uma série de vídeos no Instagram em que aparece visitando pontos afetados. Neles, Nunes transfere toda a responsabilidade para a Enel, concessionária de energia que atende a região.

O deputado federal e candidato à prefeitura de São Paulo  Guilherme Boulos (PSOL) questionou a gestão de Nunes. “Bom dia, 12 horas sem energia”, dizia ele em uma postagem feita de sua residência. O candidato mora no Campo Limpo, na zona sul da cidade, uma das áreas mais afetadas pela falta de energia.

“Descaso completo, essa é a situação de uma cidade que ao mesmo tempo não tem prefeito e tem uma companhia elétrica que, a gente já sabe, é uma tragédia”, criticou. Boulos fez uma sequência de Stories em que visitou locais afetados por quedas de árvores.

No Morro da Lua, comunidade na zona sul, conversou com uma moradora que reclamava da falta de poda e corte de árvores por parte da prefeitura. “Apararam dois galhos e foram embora dois anos atrás”, disse a mulher. Depois, na Comunidade do Mangue, na zona leste, Boulos visitou uma casa parcialmente destruída pela queda de uma árvore.

“O prefeito de São Paulo precisa assumir a sua responsabilidade”, dizia o candidato, que compartilhou vídeos de outros moradores afetados que usavam a hashtag “cadê o prefeito”.

Apesar de existir um alerta da Defesa Civil para tempestades com intensas rajadas de vento para a região, os canais oficiais da prefeitura de São Paulo não informaram a população sobre a situação. Não há, tampouco, registro de preparo da cidade para o temporal.

O episódio evocou lembranças do apagão histórico de novembro de 2023, em que 4 milhões residências ficaram sem energia em 23 municípios. Cerca de 14 mil casas ficaram sem atendimento por até seis dias, a maior parte na periferia da capital.

Naquele novembro, Ricardo Nunes ignorou o apagão e esteve presente em dois eventos esportivos: no dia 4 de novembro, visitou o camarote do UFC São Paulo, competição de MMA realizada no ginásio do Ibirapuera. No dia seguinte, foi ao camarote da Fórmula 1, no autódromo de Interlagos.

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