Gestão ambiental pode ampliar PIB do Brasil em R$ 2,8 tri até 2030

Estimativa da Comissão de Valores Mobiliários também engloba a geração de 2 milhões de empregos se iniciativas com este foco forem adotadas

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A gestão ambiental e social no âmbito empresarial e institucional pode ampliar em R$ 2,8 trilhões o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e gerar cerca de dois milhões de empregos no país até 2030, desde que sejam adotados critérios efetivos com esses objetivos. A informação foi revelada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na mais recente edição, de outubro, de cartilha dedicada a finanças sustentáveis. 

De acordo com publicação do órgão, em relação ao Brasil, “acredita-se que uma economia voltada para uma transição sustentável, em harmonia com o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS, da ONU), possa gerar um incremento na qualidade de vida das pessoas, com redução da poluição, maior segurança alimentar, promoção da diversidade e inclusão e aumento da atração de investimentos, apenas para citar alguns benefícios”. 

O relatório continua salientando que até 2030, em comparação com o modelo econômico atual, “mais de dois milhões de empregos podem ser gerados nesse caminho mais sustentável, com potenciais ganhos no Produto Interno Bruto (PIB) da ordem de R$ 2,8 trilhões, bem como na produção agrícola (R$19 bilhões)”. 

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Para que sejam alcançadas as metas globais estabelecidas nos ODS, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que sejam necessários recursos adicionais entre US$ 2,5 trilhões e R$ 3 trilhões anuais até 2030, o que seria equivalente a cerca de 6% do PIB global. E, conforme aponta a CVM, “não há recursos públicos suficientes capazes de cobrir tal volume e, mesmo em países ricos, é imprescindível o envolvimento do capital privado nessa empreitada”. 

No caso do Brasil, o documento salienta que um dos pilares do desenvolvimento sustentável é a mobilização de investimento estrangeiro direto, principalmente de longo prazo. É neste cenário que se insere Programa Eco Invest Brasil, do governo Lula, voltado para mobilizar capital privado externo e proteção cambial. A iniciativa foi criada para facilitar a atração de investimentos privados estrangeiros essenciais para a transformação ecológica do país e compõe o Plano de Transformação Ecológica do Brasil, lançado em agosto do ano passado. 

O plano tem como eixos, além do financiamento sustentável, o adensamento tecnológico do setor produtivo; bioeconomia; transição energética; economia circular; e nova infraestrutura e serviços públicos para adaptação ao clima. 

Mais do que marketing

Mas, para que iniciativas de gestão ambiental e social sejam de fato implementadas tendo em vista a mudança de padrões em âmbito mundial, a CVM alerta que é preciso ir além das ações de comunicação e marketing, muitas vezes usadas por empresas para lhes garantir um verniz de ambientalmente responsável. 

“A definição de produtos financeiros rotulados como verdes, sociais, climáticos ou sustentáveis ainda é objeto de debate, pois não existem padrões universais para estas denominações. Este debate é crucial para evitar o chamado ‘greenwashing’, uma prática mais relacionada a estratégias de marketing do que a genuína sustentabilidade”. 

Por isso, acrescenta, “tem sido discutida a criação de taxonomias ‘verdes’, que possam padronizar a linguagem e identificar os fluxos financeiros destinados ao meio ambiente de forma mais consistente”. 

Conforme aponta plano de ação para consulta pública sobre Taxonomia Sustentável, feito pela Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a taxonomia brasileira é um instrumento que consiste em um “sistema de classificação que define, de maneira nítida, objetiva e com base científica, atividades, ativos e/ou categorias de projetos que contribuem para objetivos climáticos, ambientais e/ou sociais, por meio de critérios específicos”. 

Essa padronização busca trazer maior transparência, comparabilidade e confiabilidade aos investimentos financeiros sustentáveis, “podendo servir como base para a rotulagem de valores mobiliários relacionados a questões ambientais, sociais e climáticas”, conforme destaca a CVM. 

Com informações da Agência Gov