Irã traça linha no chão e bombardeia Israel com 200 mísseis
Ataque ocorre horas após israelenses iniciarem incursão terrestre no Líbano em ofensiva contra o Hezbollah, aliado de Teerã. Irã alegou retaliação à morte de líderes.
Publicado 02/10/2024 09:10 | Editado 02/10/2024 15:34
O Irã traçou uma linha no chão e bombardeou, nesta terça (1), Israel com cerca de 180 mísseis balísticos. Foi uma demonstração de força horas após o exército israelense anunciar uma incursão terrestre ao sul do Líbano, em meio à guerra contra o Hezbollah, um dos principais aliados de Teerã.
A ação foi o maior ataque militar da história do Irã contra Israel e serviu como aviso para que Tel Aviv interrompa os assassinatos contra a população xiita no Líbano e as lideranças do Hezbollah e outros líderes do chamado Eixo da Resistência (Hamas, na Faixa de Gaza, e os Houthis, no Iêmen, por exemplo).
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que a ação é “apenas parte de nossa capacidade” e instou Israel a “não entrar em confronto com o Irã”.
As sirenes locais soaram por volta das 19h40 (13h40 em Brasília), junto com alertas de aplicativos de celular. No céu, os mísseis que se dirigiam a oeste, para Tel Aviv, eram perseguidos por interceptadores do sistema Domo de Ferro.
No entanto, diferente do ataque realizado pelo Irã em abril, quando os aiatolás se vingaram da morte de generais em Damasco, (Síria), vários mísseis chegaram a tocar o solo israelense. A Guarda Revolucionária do Irã (GRC) disse que atacou três bases militares e afirmou que 90% dos mísseis acertaram o seu alvo.
Ainda que a alegada efetividade iraniana seja duvidosa, o fato é que Teerã deu uma resposta cirúrgica as ameaças tanto retóricas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, quanto militares.
Nas últimas semanas, o premiê e líder da coalizão de extrema-direita aumentou o tom e iniciou uma série de ataques mortíferos contra o Líbano. Mais de 1.700 pessoas morreram em duas semanas de intensos bombardeios.
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Entre as vítimas, está o secretário-geral Hezbollah, Hassan Nasrallah, o comandante da Força al-Radwan, a unidade de elite do grupo xiita, Ibrahim Aqil, e ao menos outros dez integrantes do alto escalão.
Para além das operações militares, Netanyahu também tem esticado a corda na retórica. Momentos antes da invasão ao sul do Líbano, o premiê fez novas ameaças ao Irã em um vídeo publicado nas redes sociais e transmitido nos veículos de imprensa de Israel.
O líder da extrema direita afirmou que o povo iraniano estará livre “mais cedo do que se imagina”, deixando no ar a possibilidade de ações diretas contra as lideranças em Teerã.
Nesta terça, logo após o ataque iraniano à Israel, Netanyahu classificou a ação como um “grande erro” e afirmou que o Irã irá “pagar” pelo ataque.
O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, anunciou na manhã de quarta (hora local), que a força aérea de seu país “continuará a bombardear fortemente o Oriente Médio”.
Os Estados Unidos, que ajudaram o seu aliado a “derrubar mísseis iranianos”, afirmaram que querem “coordenar” com os israelenses uma resposta a seu arquiinimigo iraniano.
Em resposta, o general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior do Exército iraniano, ameaçou nesta quarta (2) bombardear “todas as infraestruturas” de Israel se o Estado judeu retaliar.
“Se o regime sionista, que enlouqueceu, (…) quiser continuar com esses crimes ou agir contra a nossa soberania e a nossa integridade territorial, uma operação como a desta noite (de terça-feira) será repetida com maior intensidade e todas as infraestruturas serão atingidas”, disse Bagheri à TV estatal iraniana.
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