Israel invade Líbano e inicia fase terrestre da guerra contra o país
Após duas semanas de ataques mortíferos, Tel Aviv fala em ações limitadas no sul do vizinho. Momento de ‘Irã livre’ está mais perto do que pensam, diz Netanyahu, ameaçando com possíveis ações diretas contra os iranianos
Publicado 01/10/2024 08:48 | Editado 01/10/2024 09:49
O exército israelense deu início nesta terça (1) à etapa terrestre da guerra no Líbano que pode levar a uma catástrofe no Oriente Médio. Segundo os militares, a operação consiste em “ataques limitados, localizados e direcionados” contra o Hezbollah no sul do Líbano. Na prática, o governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, dá início à fase chamada de guerra convencional, onde há intensa troca de tiros e movimentação de tropas.
Momentos antes, o premiê fez novas ameaças ao Irã em um vídeo publicado nas redes sociais e transmitido nos veículos de imprensa de Israel. O líder da extrema direita afirmou que o povo iraniano estará livre “mais cedo do que se imagina”, deixando no ar a possibilidade de ações diretas contra as lideranças em Teerã.
O país persa é o grande rival de Israel no Oriente Médio e o principal financiador do chamado Eixo da Resistência, grupos políticos armados xiitas e sunitas, como o Hamas, na Faixa de Gaza, o Hezbollah, no Líbano, e os Houthis, no Iêmen, que possuem grande histórico de conflito com Israel.
Um conflito direto entre o Irã e o estado judeu seria o pior pesadelo para a região, uma vez que os dois países possuem armamentos nucleares e um grande arsenal bélico.
No Líbano, as incursões dos tanques de guerra das Forças de Defesa de Israel (FDI, na sigla em inglês) foram apoiadas por ataques aéreos e de artilharia. O alvo são posições militares do Hezbollah “em aldeias próximas da fronteira” com Israel, que representariam “perigo imediato a comunidades no norte de Israel”, segundo um comunicado divulgado na manhã desta terça (1) pelos militares.
A invasão ocorre alguns dias após a IDF matar o líder do grupo armado libanês, Hassan Nasrallah.
O porta-voz dos militares israelenses, Avichay Adraee, enviou uma ordem a residentes de mais de 20 cidades do sul do Líbano para que saiam imediatamente de suas casas “para a sua própria segurança”.
A ordem é para que os civis se desloquem para a margem norte do rio Awali, cuja saída para o mar fica praticamente no meio do caminho entre a fronteira com Israel e Beirute.
O grupo xiita libanês reagiu à incursão terrestre israelense com disparo de mísseis direcionados, entre outras localidades, a Tel Aviv. De acordo com o Hezbollah, os projéteis foram direcionados a instalações do serviço secreto do país, o Mossad. A milícia Houthi também afirmou ter disparado foguetes em direção ao território israelense.
Antes de dar início a esta nova fase, Israel lançou durante duas semanas milhares de mísseis contra diversas localidades do vizinho ao norte. Além de entregar a cabeça de Nasrallah e vários outros líderes, os massivos ataques serviram para desestruturar a comunicação do Hezbollah e colocar o grupo islâmico em posição de defesa enquanto o assalto terrestre era organizado.
O número de mortos no Líbano chegou a impressionantes 1.700 mortes desde o 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou a operação Tempestade de Al-Aqsa, deixando 1.200 israelenses mortos e outros 200 reféns. Durante o período, no entanto, o foco de Netanyahu e sua coalizão ortodoxa e supremacista foi o desmantelamento do Hamas na Faixa de Gaza. Ao menos na retórica, porque a realidade é que as operações militares no enclave deixaram mais de 41 mil pessoas mortas e um rastro de crimes de guerra e genocídio.
Agora, ao ignorar os apelos da comunidade internacional e das instâncias intergovernamentais internacionais, como as Nações Unidas e o Tribunal Penal Internacional (TPI), Netanyahu ameaça arrastar todo o Oriente Médio para a guerra.
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