Extrema direita sai vitoriosa de eleição legislativa na Áustria

O FPÖ se tornou a quarta sigla de extrema direita na Europa a ameaçar a normalidade democrática. Holanda, França e Alemanha têm convivido com vitórias eleitorais deste grupo

O líder do Partido da Liberdade da Áustria, Herbert Kickl (ao centro, sorridente), comemora com apoiadores em Viena, na Áustria

O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) se tornou a quarta sigla de extrema direita na Europa a ameaçar a normalidade democrática em um intervalo de poucos meses. Neste domingo (29), o FPÖ somou 28,8% dos votos válidos para o parlamento austríaco e obteve favorável posição para formar uma coalizão pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

O conservador Partido Popular Austríaco (ÖVP), do atual chanceler Karl Nehammer, alcançou 26,3% dos votos, seguido do Partido social-democrata (SPÖ), de centro esquerda, com 21,1%.

Em um contexto de ascensão dos partidos radicais na Europa, a legenda fundada por antigos nazistas registrou 13 pontos a mais que nas eleições de 2019. O FPÖ é liderado pelo neonazista Herbert Kickl que assumiu a direção da legenda de extrema direita em 2021, quando o partido era criticado por esquemas de corrupção. 

Kickl usa termos que são referências veladas à linguagem nacional-socialista, assume posições pró-russas, defende posições cada vez mais extremas sobre a imigração e pede uma “orbanização da Áustria”, em alusão ao líder húngaro Viktor Orbán.áq

O FPÖ foi criado a partir da Federação dos Independentes, formação fundada após a Segunda Guerra Mundial por ex-nazistas. O primeiro líder do partido (1956-1958) foi Anton Reinthaller, um ex-general da SS.

Com o resultado, a Áustria é o quinto país da Europa a ver o seu partido de extrema direita chacoalhar a normalidade democrática.

Nos últimos meses, países como Holanda, França e Alemanha também registraram o vigor dos partidos de extrema direita no continente, que vê crescer a insatisfação dos eleitores com temas como migração e inflação.

Na França, o Reunião Nacional de Marine Le Pen obteve a maioria dos votos na eleição para o Parlamento Europeu, o que fez o presidente do país, Emmanuel Macron, dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições. No primeiro turno das eleições antecipadas, o RN obteve a maioria dos votos, o que só foi freado no segundo turno por causa do cordão sanitário levantado pelas forças republicanas.

Na Alemanha, o Alternativa para a Alemanha (AfD) foi o segundo mais votado para o parlamento de Bruxelas, superando adversários tradicionais que fazem parte da coalizão do governo federal alemão (SPD, FDP e Os Verdes). 

No início de setembro, o neonazismo alemão obteve sua primeira vitória eleitoral desde o fim da segunda guerra mundial, após a Afd conquistar um terço dos votos na eleição estadual na Turíngia e ficar atrás apenas dos conservadores da CDU na Saxônia.

Já na Holanda, em novembro, o Partido pela Liberdade (PVV, na sigla em holandês), foi o mais votado nas eleições legislativas nacionais.

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