Fundamentalismo fiscal faz popularidade de Milei despencar abaixo de 50%

Tarifas como a conta de luz disparam, criando mal-estar na população. Pesquisas captam eleitores arrependidos e empresários insatisfeitos.

Foto: Reprodução

A terapia de choque imposta pelo presidente Javier Milei à economia argentina não tem sido prejudicial apenas para a população do país vizinho ao Brasil. Pela primeira vez desde que Milei assumiu o poder, em 10 de dezembro de 2023, o índice de desaprovação do governo superou 50%. Em algumas sondagens, já são quatro meses seguidos de queda na avaliação do governo.

O resultado das pesquisas ocorre em meio ao aumento da pobreza na Argentina e o fim dos subsídios às tarifas de serviços públicos, sobretudo luz e gás.

De acordo com dados divulgados no início de setembro, estimativas do Observatório da Dívida Social Argentina da Universidade Católica Argentina, o ODSA-UCA, apontam que o índice de pobreza no país ficou em 52% no primeiro semestre deste ano. Já a indigência atingiu 17,9% no período.

Milei está aplicando o ajuste fiscal mais forte já vivido pela sociedade argentina em 65 anos, de acordo com um estudo recente da Fundação Mediterrânea. 

O impacto dessa “terapia de choque” está começando a aparecer em pesquisas de opinião pública, entre elas as realizadas pela Universidade Di Tella e a empresa de consultoria Proyección. “Vemos nas entrevistas focais que eleitores de Milei consideram o ajuste excessivo, e avliam, também, que o custo desta política está sendo pago principalmente pelos que menos têm”, aponta Santiago Giorgietta, diretor da Proyección.

No monitoramento mensal da Proyección, o governo Milei obteve, pela primeira vez, 50% de desaprovação. Na mesma pesquisa, 50% dos entrevistados disseram acreditar que sua economia familiar vai piorar nos próximos seis meses, e 52% reconheceram que suas famílias foram obrigadas a se endividarem no último mês para cobrir gastos domésticos.

As três principais preocupações dos argentinos, mostra o estudo, são a inflação, os baixos salários e as tarifas e tributos.

A pontuação do governo argentino está abaixo da alcançada pelos ex-presidentes Mauricio Macri (2015-2019) e Alberto Fernández (2019-2023), após os primeiros nove meses de gestão.

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