Datafolha mostra Nunes e Boulos prováveis no segundo turno

Intenção de voto espontânea, 28% de indecisos e visita de Lula à campanha em São Paulo, mostram que votação de Boulos pode avançar sobre Nunes

25/09/24 - Roda Viva com a Juventude Foto: Leandro Paiva/@leandropaivac

A corrida eleitoral para a Prefeitura de São Paulo segue acirrada, com Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) mantendo-se à frente nas intenções de voto, conforme os resultados mais recentes da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta (26), em meio a uma campanha marcada por ataques e até um incidente de agressão física. Nunes lidera com 27% das intenções, seguido de perto por Boulos, com 25%, enquanto Pablo Marçal (PRTB) consolida-se mais distante na terceira posição, alcançando 21%, em uma oscilação positiva dentro da margem de erro em relação à pesquisa anterior.

Interessante notar que, na pesquisa espontânea, onde os eleitores mencionam seus candidatos sem ver a lista, Boulos ainda lidera com 21%, à frente de Nunes e Marçal, ambos com 16%. Esse dado sugere que, embora Nunes mantenha a liderança na pesquisa estimulada, Boulos possui uma forte presença espontânea na mente do eleitorado, o que pode indicar um potencial de crescimento na reta final.

O cenário estimulado pelo Datafolha reflete uma estabilidade nas tendências de voto, apesar das recentes turbulências na campanha. O impacto da agressão física ocorrida durante o debate no programa Flow, onde um assessor de Marçal agrediu o marqueteiro de Nunes, foi menos relevante do que a intenção de votos que vinham se confirmando para o candidato. O caso, que poderia ter prejudicado a campanha do candidato do PRTB, mostra que os eleitores permanecem firmes em suas escolhas, destacando a resiliência das campanhas majoritárias.

Agressões e estratégias de campanha

A agressão no debate, que culminou na expulsão de Marçal, trouxe à tona as questões de comportamento e ética na política, um ponto que o candidato havia tentado controlar dias antes, ao anunciar que mudaria sua postura e adotaria um tom mais conciliador. Entretanto, a mudança parece ter sido temporária, com Marçal retomando o tom agressivo em poucos dias. Esse episódio reforça a percepção de que, para o candidato do PRTB, o enfrentamento e a polarização são táticas fundamentais para manter sua base eleitoral, especialmente entre os evangélicos, onde ele compete diretamente com Nunes.

Por outro lado, Nunes busca reforçar sua base conservadora com visitas a igrejas evangélicas e entrevistas em canais bolsonaristas, mirando no eleitorado alinhado com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que tem estado ausente dos atos de campanha. Essa estratégia é complementada pela presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se consolidou como um dos principais cabos eleitorais do prefeito.

Guilherme Boulos, por sua vez, segue uma linha de confronto direto com Nunes, buscando fortalecer seu apoio nas periferias de São Paulo, áreas tradicionalmente hegemonizadas pelo PT e a esquerda. A ausência de Lula, cuja visita à capital foi adiada para a véspera do primeiro turno, representa um revés para a campanha de Boulos, que esperava uma participação mais ativa do presidente para impulsionar sua votação entre os eleitores mais pobres. Desta forma, um apoio mais sólido de Lula deve ficar para um eventual segundo turno.

Cenário eleitoral e perspectivas para o segundo turno

Nunes e Boulos lideram a corrida e a pesquisa mostra que o resultado vai se consolidando, a dez dias do primeiro turno. A diferença entre os dois é de apenas dois pontos percentuais, dentro da margem de erro, e Marçal vai se tornando uma variável menos relevante no embate, uma vez que se distancia de Boulos. Portanto, a previsão de um segundo turno entre Nunes e Boulos permanece o cenário mais provável, segundo as análises das campanhas e do próprio Datafolha.

Outro aspecto revelado pela pesquisa é a percepção dos eleitores sobre quem será o próximo prefeito: 41% acreditam que Nunes será o vencedor, contra 22% que apostam em Boulos e 20% que enxergam Marçal como o eventual eleito. Esses números indicam que, embora a disputa esteja tecnicamente aberta, a percepção do favoritismo ainda favorece Nunes, refletindo sua posição estável ao longo da campanha.

A dez dias do 1º turno, que será realizado no dia 6 de outubro, 28% dos entrevistados estão indecisos.

  • Guilherme Boulos (PSOL): 21% (eram 23%)
  • Ricardo Nunes (MDB): 16% (eram 16%)
  • Pablo Marçal (PRTB): 16% (eram 15%)
  • Outros candidatos: 7%(eram 8%)
  • Tabata Amaral (PSB): 5% (eram 4%)
  • Atual prefeito/no atual: 2% (eram 2%)
  • Datena (PSDB): 2% (era 2%)
  • Marina Helena (Novo): 1% (era 1%)
  • Candidato do PT/No PT/candidato do Lula: 0% (era 0%)
  • Branco/nulo: 6% (eram 6%)
  • Não vai votar: 0%
  • Indecisos: 28% (eram 28%)

Um dado significativo é o alto índice de indecisos: 28% dos eleitores afirmam que ainda não sabem em quem votar, o que abre margem para mudanças de cenário nos últimos dias de campanha. Esses eleitores indecisos serão decisivos, especialmente em um contexto de disputa acirrada como o atual.

Avaliação de governo e desafios

A gestão de Nunes à frente da Prefeitura de São Paulo continua sendo um tema central na campanha. A pesquisa mostra que 27% dos eleitores aprovam sua gestão, enquanto 23% a desaprovam e 47% a consideram regular. Esses índices permanecem estáveis, sugerindo que o prefeito conseguiu manter uma imagem de estabilidade, apesar dos questionamentos enfrentados durante a campanha.

Nunes tem sua maior base de apoio entre os eleitores de baixa renda e o público evangélico, mas enfrenta a concorrência direta de Marçal nesse último segmento, onde ambos estão tecnicamente empatados. O prefeito tem focado sua campanha em temas sensíveis para esse público, como a segurança e a economia, enquanto também se aproxima do eleitorado evangélico, com apoio de lideranças conservadoras. Já Boulos lidera entre as mulheres e busca expandir seu alcance entre os mais pobres, um eleitorado disputado ferozmente entre os dois candidatos.

A dez dias do primeiro turno, o cenário ainda aponta para uma disputa apertada. Nunes e Boulos devem seguir como protagonistas da corrida, mas Marçal permanece como uma incógnita, capaz de desestabilizar o equilíbrio entre os dois principais candidatos, com desvantagem para o eleitorado de Nunes. A expectativa é que as próximas movimentações, especialmente a entrada de Lula na campanha de Boulos, possam ser decisivas para o resultado final.

Cenários de segundo turno e percepções

A pesquisa Datafolha também trouxe simulações para o segundo turno, e o atual prefeito, Ricardo Nunes, continua favorito nos dois cenários analisados. Contra Boulos, Nunes teria 52% das intenções de voto, enquanto o candidato do PSOL ficaria com 36%, uma vantagem expressiva que reflete o apoio consolidado do eleitorado conservador ao prefeito.

Em um eventual confronto entre Nunes e Marçal, o prefeito ampliaria sua vantagem, com 57% contra 26% do influenciador digital. Esses números mostram que, embora Marçal esteja crescendo no primeiro turno, seu apelo eleitoral ainda é limitado para ultrapassar os adversários mais experientes em um segundo turno.

Quando Boulos enfrenta Marçal no segundo turno, o candidato do PSOL leva a melhor com 47%, contra 38% do PRTB, um cenário mais competitivo, mas que ainda favorece o candidato da esquerda. Isso sugere que, apesar do crescimento de Marçal, seu perfil agressivo e disruptivo tem dificuldades em conquistar eleitores além de sua base inicial, o que pode limitar seu desempenho na reta final.

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