Equipe econômica defende aumento do bloqueio de R$ 2,1 bi no Orçamento
O secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, disse que a medida foi tomada com base em dados reais e chamou de “irracionalidade” a reação crítica do mercado
Publicado 23/09/2024 17:42 | Editado 23/09/2024 17:57
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (3), em Brasília, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, defendeu o aumento do bloqueio em R$ 2,1 bilhões no Orçamento no quarto bimestre.
Ele disse que a medida foi tomada com base em dados reais e chamou de “irracionalidade” a reação crítica do mercado, que queria uma bloqueio maior.
“Há um incômodo na equipe econômica quando percebemos alguma irracionalidade na repercussão, quando se ignora alguns fatos da realidade, os números que se apresentam. O fato é que o fiscal se recuperou”, disse Durigan.
De acordo com o secretário-executivo, o fiscal se recuperou e supera as expectativas. “A economia está surpreendendo. Essa combinação é um ciclo positivo; deveríamos torcer para isso seguir assim”, respondeu.
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Os ministérios da Fazenda e Planejamento apresentaram aos jornalistas detalhamento das informações do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias 4º Bimestre de 2024.
No documento, consta que a soma dos bloqueios elevou de R$ 11,2 bilhões para R$ 13,3 bilhões o cumprimento do limite de despesas em 2024, estabelecida na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Com o aumento de R$ 2,1 bilhões do valor bloqueado e a reversão dos R$ 3,8 bilhões contingenciados, a contenção total, agora toda em bloqueios, diminuiu em R$ 1,7 bilhão em relação ao trimestre, passando de R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
“A meta vai ser cumprida, em tudo que depender do governo. O ministro Haddad sempre realça isso: perseguimos o cumprimento da meta, desde sempre. Só não será cumprida no que não depender da gente”, assegurou.
Na semana passada, editorial do Estadão provocou o governo dizendo que “A dívida não mente”. “Quando o governo mira no esforço mínimo, precisa recorrer a artimanhas para defender o cumprimento da meta fiscal. Falta combinar com a dívida, mas o problema é que ela não mente”, disse o jornal.
Melhor resultado
Contudo, o secretário diz que o Brasil terá o melhor resultado fiscal dos últimos três ciclos de governo.
“A despesa primária vai fechar em torno de 19% do PIB, inferior aos outros governos. A relação do déficit e PIB é bem inferior aos ciclos anteriores. Gostaríamos de fazer o ajuste fiscal o mais rápido o possível, mas de um ano para cá reduzimos o déficit primário em 85%”, afirmou.
Ele lembrou que o governo precisou pagar os precatórios do governo anterior e mais mais R$ 20 bilhões para governos.
“Saímos de um déficit de R$ 230 bi para o cumprimento da meta [do arcabouço fiscal, cuja banda é de um déficit de 0,25 do PIB]. É preciso reconhecer esse esforço. Não é razoável que não seja reconhecido. Saímos da descrença quase que completa, de quase 1% de déficit primário, para hoje o que muitos consideram razoável o cumprimento da meta”, prosseguiu.
Durigan lembrou também que houve uma ampliação de R$ 4,4 bilhões nas receitas em relação ao terceiro relatório bimestral.
“Temos o equilíbrio fiscal como fundamento da política econômica. Por isso temos feito um esforço maior para ajustar as contas do país e cumprir as metas”, disse.