China está de 10 a 15 anos à frente dos EUA na implantação de energia nuclear

Segundo a The Economist, a potência asiática está na frente na corrida pela quarta geração da tecnologia. Atualmente, 45% das usinas nucleares em construção estão na China

A usina nuclear de Shidaowan, na China, já consegue desligar as bombas que empurram o líquido de arrefecimento ao redor do núcleo do reator com tranquilidade Foto: Reprodução

Quando a China conectou seu primeiro reator nuclear civil à rede, em 1991, os Estados Unidos já tinham feito o mesmo três décadas antes. Agora, porém, a China está de 10 a 15 anos à frente dos Estados Unidos na implantação da tecnologia nuclear de quarta geração, segundo a Information Technology & Innovation Foundation, um think-tank de Washington.

A quarta geração da energia nuclear pretende melhorar o uso dos reatores, otimizando a utilização do combustível nuclear e produzindo menos resíduos radioativos. A China lidera a implantação comercial destes reatores.

Cerca de 45% das usinas nucleares em construção no mundo estão na China, todas da quarta geração. Uma delas, a usina nuclear de Shidaowan, citada por uma reportagem do The Economist, já demonstra tecnologia superior a usinas como de Fukushima Dai-Ichi, no Japão.

Os chineses já conseguem, por exemplo, desligar as bombas que empurram o líquido de arrefecimento ao redor do núcleo do reator com tranquilidade, sem correr riscos de um desastre, diferente do que ocorreu em 2011 em Fukushima. Na ocasião, a usina precisou desligar as bombas por causa do tsunami, o que possibilitou o combustível nuclear continuar aquecendo. Sem o resfriamento adequado, o calor gerado pelos reatores fez com que três deles sofressem fusões nucleares, liberando grandes quantidades de radiação no ambiente.

Mas não ocorreu nenhum desastre desse tipo em Shidaowan. No início, o reator aqueceu. Em seguida, ele esfriou antes que qualquer dano fosse causado, diz um artigo dos engenheiros da usina publicado em julho. Isso ocorreu graças ao projeto inteligente da usina. Os reatores convencionais são alimentados por longas barras de combustível contendo urânio. 

Em Shidaowan, no entanto, o combustível tem a forma de minúsculas partículas de urânio revestidas com carbono e outros produtos químicos e embutidas em esferas do tamanho de bolas de tênis. Essas esferas são conhecidas como “pebbles”. Elas podem suportar temperaturas extremamente altas sem derreter.

Em meio às mudanças climáticas, que colocam a humanidade nas cordas,a energia nuclear civil é essencial para o futuro da civilização pelo seu papel na redução das emissões de gases de efeito estufa e na luta contra as mudanças climáticas. 

A energia nuclear fornece uma fonte confiável e constante de eletricidade, independentemente das condições climáticas, sendo ideal para atender à demanda de carga base em países em crescimento. Além disso, os avanços em tecnologias nucleares, como os reatores de quarta geração, prometem maior eficiência, menor geração de resíduos e maior segurança, tornando a energia nuclear uma alternativa sustentável e limpa em comparação aos combustíveis fósseis.

Outro benefício crucial da energia nuclear é a sua capacidade de proporcionar independência energética, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis importados. Ela também oferece novas possibilidades para setores industriais, gerando calor em altas temperaturas para processos que atualmente utilizam combustíveis fósseis.

Com o desenvolvimento futuro da fusão nuclear, o potencial de fornecer energia quase ilimitada, limpa e segura torna o investimento nessa tecnologia ainda mais relevante para atender à crescente demanda mundial por energia de forma sustentável.

Autor