Governo avalia retorno do horário de verão por causa da estiagem

Medida visa reduzir consumo de energia com maior aproveitamento da luz solar e menor uso de termelétricas. Pesquisa aponta que 54,9% apoiam a volta do horário de verão

Foto: DMmais

A volta do horário de verão já é considerada pelo governo federal. O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, deverá enviar ao presidente Lula parecer técnico sobre o tema que passou a ser considerado a partir da estiagem enfrentada pelo Brasil, que tem como sua maior fonte de energia as usinas hidrelétricas. A medida, portanto, visa o maior aproveitamento solar para que as termelétricas sejam menos utilizadas, pois isto influencia no preço da tarifa cobrada pela energia elétrica.

Além de se uma decisão técnica e política, pensando já na possibilidade de um Verão ainda menos chuvoso do que o costume, o horário de verão é do gosto da maioria dos brasileiros.

De acordo com pesquisa do Reclame Aqui e da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a medida é aprovada por 54,9% dos entrevistados. O levantamento, feito com 3 mil consumidores de forma online, indicou que desse contingente 41,8% são totalmente favoráveis ao retorno do horário de verão, enquanto 13,1% são parcialmente favoráveis.

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Já os que são contrários à mudança dos relógios e por mais horas de sol para aproveitar o final de tarde e início de noite são 25,8%, enquanto 17% se dizem indiferentes e 2,2% são parcialmente contrários. O estudo tem margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou menos e um nível de confiança de 95%.

Nas regiões do Brasil onde o horário de verão foi historicamente adotado (Sul, Sudeste e Centro-Oeste), a população que mais apoia o horário de verão é do Sul, onde 60,6% são a favor (52,3% totalmente favoráveis e 8,3% parcialmente favoráveis). No Sudeste 56,1% apoiam (43,1% totalmente favoráveis e 13% parcialmente favoráveis). Já no Centro-Oeste menos da metade, 40,9%, observam de forma favorável o retorno (29,1% totalmente favoráveis e 11,8% parcialmente a favor).

Quando o assunto é sobre efeitos econômicos, para 43,6% dos entrevistados a mudança no relógio ajuda a economizar energia elétrica e outros recursos, sendo que para 39,9% o horário não traz economia e 16,4% indicaram não saberem ou não terem certeza.

Outro dado importante, parte da razão para a população gostar de maior tempo com luz solar, é porque, de acordo com a pesquisa, para 41,7% a cidade em que habitam fica mais atrativa para o turismo com o horário de verão vigente (9,4% disseram que fica a cidade menos atrativa; 43,6% não sentem diferença; e 5,3% não sabem/não têm certeza).

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A questão da segurança também é considerada. Ao se levar em consideração a saída do horário de trabalho, 35,2% dizem se sentirem mais seguros, já 19,5% menos seguros.

Sobre saúde, 36,1% observam efeitos positivos da medida. Quanto ao lazer (bem-estar físico e mental) 47,9% afirmam ter mais tempo para o lazer e para 46,1% o horário de verão traz mais disposição para a prática de exercícios físicos.

Energia elétrica

Apesar de ser uma medida ansiada por muitos brasileiros, Silveira trata com cuidado o tema. Em algumas entrevistas ele comentou que o retorno da medida é uma realidade, porém deverá antes passar pelo presidente Lula.

Segundo o ministro, o horário de verão é especialmente benéfico para diminuir a utilização de usinas termelétricas entre 18 e 21 horas. Além da baixa nos reservatórios das hidrelétricas pela seca, este horário apontado é quando se deixa de produzir energia solar e ocorre a diminuição de produção eólica. Também é o momento em que as famílias retornam em massa para as residências.

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Outra observação feita por ele é quanto ao aumento do consumo de energia, atribuído, em partes, pelo calor acentuados que tem feito o uso de ar-condicionados crescer: “O Brasil nunca tinha consumido, antes de setembro deste ano, 105 gigawatt [GW] em uma tarde. A média é 85 GW, o que demonstra que nós tivemos todos os ar-condicionados do Brasil ligados”, colocou.

Dessa maneira, a sua pasta leva em conta como critérios sobre o tema: a geração de energia, índices pluviométricos e aspectos econômicos da medida.

“O horário de verão é uma possibilidade real, mas não é um fato porque tem implicações, não só energética, tem implicações econômicas. É importante para diminuir o despacho de térmicas nos horários de ponta, mas é uma das medidas, porque ela impacta muito a vida das pessoas”, afirmou o ministro.

Horário de Verão

O Horário de Verão no Brasil foi revogado em 2019. Nas últimas décadas atendia prioritariamente os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, assim como o Distrito Federal.

De 2008 até ser descontinuada a medida começava no terceiro domingo de outubro e ia até o terceiro domingo de fevereiro do ano seguinte.

No seu início os relógios devem ser adiantados em uma hora, o que permite maior período de luz solar que se estende até o começo da noite. No final do período os relógios são atrasados em uma hora.

*Com informações Agência Brasil