Centenário de Amílcar Cabral e a luta de libertação nacional dos povos africanos

Os 100 anos do líder da independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde são celebrados em Lisboa, em sessão comemorativa promovida pelo PCP

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Amílcar Cabral , nascido em 12 de setembro de 1924, foi um dos mais importantes dirigentes do movimento de libertação nacional em África na segunda metade do século XX.

Patriota e internacionalista, fundador do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), foi combatente antifascista, anticolonialista e anti-imperialista, e esteve à frente das lutas pela Independência destes dois países frente ao império colonial de Portugal.

Engenheiro agrônomo de formação, escritor, ensaísta, poeta e dirigente político, Amilcar Cabral foi uma voz fundamental para revelar ao mundo os horrores do colonialismo em África, tendo sido um dos principais articuladores da unidade dos países africanos pela libertação nacional. Foi assassinado em janeiro de 1973 em Conacry, por agentes a mando do imperialismo português.

Para celebrar seu centenário, o Partido Comunista Português (PCP) realizou nesta quarta (11) na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma Sessão Comemorativa em homenagem a Amílcar Cabral. O encontro reuniu centenas de pessoas e contou com intervenções teatrais e musicais de artistas Cabo-verdeanos, que apresenraram canções, poemas e textos políticos de Cabral.

Sob o lema “um legado histórico para a luta que continua” , a conferência contou com pronunciamentos políticos de Aldonça Gomes Ramos (vice presidente do PAIGC em Portugal ), Daniel de Pina (Secretário Geral do Partido Africano da Independência do Cabo Verde em Portugal ) e Paulo Raimundo (Secretário Geral do PCP), Além destes partidos, o encontro contou com a presença de representantes de partidos e governos de Angola, Moçambique, Cuba, China e Brasil. O PCdoB esteve representado por Alexandre Santini, membro da Comissão Nacional de Cultura e Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa

“Somos filhos e continuadores do legado de Amílcar Cabral”

Segundo Fideles Quintino Gomes, membro do Secretariado Nacional e do Comitê Central do PAIGC, partido fundado por Amílcar Cabral, as celebrações em torno do centenário de Amílcar Cabral reberveraram nos quatro cantos do mundo:

“a efeméride foi lançada em Janeiro deste ano com um ato político na Sede do PAIGC em Bissau, abrangendo um vasto calendário de eventos, entre conferências, simpósios, colóquios, exposição e sessões de cinema. Um dos pontos altos das celebrações foi a comunicação do Secretário Geral das Nações Unidas, onde destacou o contributo de Cabral na Luta Anti-Colonial e Anti-Facista bem como a teoria inspiradora do seu pensamento no sucesso das conquistas revolucionárias na Guiné-Bissau, Cabo-Verde e Portugal, prolongando-se pelo mundo afora.”

Além da sessão comemorativa e das homenagens realizadas na programação da Festa do Avante, o PCP lançou o livro “Amílcar Cabral” – Textos da Luta” (Editorial Avante!, 2023) que traz ensaios, artigos, comunicados e outros escritos no calor da batalha, que foram fundamentais para difundir em nível mundial os processos revolucionários de libertação em África. A obra de Cabral é fundamental para uma compreensão mais profunda dos processos de libertação nacional dos países africanos de língua portuguesa.

O ensaio “Os fatos sobre as colônias africanas de Portugal” se tornou célebre e percorreu o mundo. Em textos como “Resistência cultural” e “Libertação nacional e cultura” , é possível perceber a compreensão singular de Cabral sobre o papel central da cultura nas lutas por independência e libertação. Aa homenagens a Amílcar Cabral cumprem um dever de memória, mas seus textos nos permitem refletir e analisar questões fundamentais relacionadas à luta contra o neocolonialismo nos dias atuais. E seu legado aponta para um futuro de paz, superação das opressões e da dominação imperialista.