80 anos de Leci Brandão repercutem na imprensa

De muitas formas, Leci e suas canções foram lembradas na mídia por depoimentos, entrevistas, espetáculos e divulgação de suas músicas

Leci Brandão em foto divulgação de RafaeI Berezinski

O Portal Vermelho quer ressaltar todas as facetas da rica trajetória de Leci Brandão, nestes seus 80 anos. Colhemos depoimentos de personalidades políticas, artísticas e sociais para celebrar esta data. Mas, Leci também é lembrada de muitas formas diferentes.

Uma exposição no Hall Monumental da Assembleia Legislativa de São Paulo mostra esta trajetória de lutas e sucessos, com entrada gratuita. O musical Leci Brandão na Palma da Mão continua em turnê pelo país, depois de mais de um ano e meio. Vários veículos de imprensa de todo o país lembraram suas canções, assim como o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) fez um levantamento musical sobre as suas canções que repercutiu em várias publicações.

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Vida e obra celebradas no musical “Leci Brandão – Na Palma da Mão”

“Zé do caroço” foi a canção que se destacou, figurando em primeiro lugar entre as mais regravadas e entre as mais tocadas no país. Com um total de 169 obras musicais e 469 gravações, Leci Brandão tem os seus direitos autorais de música garantidos.

Ranking de músicas de autoria de Leci Brandão mais tocadas nos últimos cinco anos no Brasil nos principais segmentos de execução pública (Rádio, Sonorização Ambiental, Casas de Festa e Diversão, Carnaval, Festa Junina, Show e Música ao Vivo):

O portal carnavalesco SRzd relembrou o Carnaval de 2012, quando a sambista foi homenageada no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, pela Acadêmicos do Tatuapé, com o enredo: “Tatuapé 60 anos – Da arte do samba, nasci para comunidade, defesa e essência. Sou guerreira! Sou Leci Brandão!”.

Artigo de Henrique Nunes, no portal da Fundação Perseu Abramo, lembrou os vínculos da sambista com a classe trabalhadora, seja na música, seja na política. Já o jornal O Globo destacou o estudo do Ecad e o lançamento de Marina Iris para uma versão modernizada de Assumindo, “hino da comunidade LGBTQIA+”. O single terá a participação da consagrada compositora declamando um poema de Luiza Loroza, poeta, atriz e companheira de Marina.

A Agência Brasil fez um especial com depoimentos de lideranças antirrascistas, entrevistou a aniversariante e a Rádio Senado passou o dia tocando suas músicas. A TV Brasil também mostrou a trajetória da cantora em imagens.

Até o jornal The Guardian escreveu: ’This janitor’s daughter became a state deputy’: Leci Brandão, the Brazilian samba star turned communist lawmaker (‘A filha deste zelador se tornou deputada estadual’: Leci Brandão, a estrela do samba brasileira que se tornou legisladora comunista).

O artigo de Beatriz Miranda traça a notável trajetória de Leci como ícone do samba e figura política brasileira. Nascida na pobreza, Leci se destacou como uma das primeiras mulheres negras a compor e cantar samba em um cenário majoritariamente masculino, ao mesmo tempo em que usava sua música para abordar questões sociais, como a desigualdade, a censura durante a ditadura militar, a homofobia e os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+. Leci conta na publicação londrina que a Mangueira sofreu pressão após ela se assumir lésbica numa entrevista na década de 1970.

O texto relembra momentos-chave de sua carreira musical, como o sucesso de suas canções politicamente engajadas, incluindo “Zé do Caroço”, que se tornou um hino de resistência. Sua música progressista refletia a vida e os desafios da classe trabalhadora. Leci conta na reportagem da musicalidade de seu pai, perdido cedo. Mas a dureza da vida da mãe faxineira é lembrada a cada conquista, como quando contou e chorou junto com ela, após sua eleição.

Na década de 2000, Leci fez a transição para a política, ingressando no Partido Comunista do Brasil e se tornando deputada estadual em São Paulo em 2011. Apesar de sofrer preconceito mesmo depois de eleita, conforme apresenta o artigo do Guardian, sua carreira política, assim como sua música, sempre esteve pautada na defesa dos direitos das minorias e na preservação da cultura negra e popular, incluindo o hip-hop.

Apesar dos desafios e do preconceito que enfrentou como mulher negra e sambista em um espaço institucional, Leci se consolidou como uma das parlamentares mais longevas de São Paulo, lutando pela igualdade social com a mesma paixão que trouxe ao samba. Dizer pejorativamente que seu gabinete era uma roda de samba, só fez Leci reforçar ainda mais a seriedade de seu compromisso com o eleitor paulista.

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