Oposição e comunidade internacional pressionam Netanyahu por cessar-fogo

Principal opositor disse que Netanyahu não pretende acabar com a guerra, TPI deve decidir mandado de prisão dos líderes sionistas e Reino Unido cancela envio de armas.

Foto: Reprodução/ Governo de Israel

A pressão sobre o governo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem crescido nos últimos dias após as manifestações e a greve geral que chacoalharam o país entre o último domingo (1º) e a segunda (2). 

Internamente, os líderes de oposição têm emparedado a coalizão de extrema direita a concretizar o acordo por um cessar-fogo na Faixa de Gaza, o que resultaria na troca de reféns do Hamas, enquanto a comunidade internacional pressiona os líderes sionistas através do Tribunal Penal Internacional (TPI) e o cancelamento no envio de armas para Tel Aviv.

Nesta quarta (4), o principal líder da oposição israelense, Yair Lapid, disse em um sessão no Knesset, o Legislativo do país, que o governo do premiê Netanyahu “prefere a guerra” e que enquanto ele existir o conflito na região irá permanecer. 

“O que o gabinete de Netanyahu está dizendo é que estamos numa nova versão do [ocupação israelense do] Líbano. Demoramos 18 anos a deixar o Líbano e eles estão nos oferecendo a mesma coisa: anos de guerra, anos de crise econômica, anos de destruição, medo e violência. É isso que o governo está nos oferecendo. Uma guerra que continuará e continuará. Uma guerra eterna que nunca terá uma data final”, declara Lapid.

“Israel precisa acabar com esta guerra. Faça um acordo pelos reféns e feche o negócio. Acabar com a guerra é do interesse de Israel, do nosso interesse, do interesse econômico, do interesse político”, continuou.

Lapid delineou o que pensa ser o principal plano da oposição para o pós-guerra e afirmou que Netanyahu não tem capacidade para realizá-lo.

“Temos grandes tarefas pela frente. Estabelecer uma coligação regional com os sauditas e os americanos contra a ameaça iraniana. Colocar a economia de volta nos trilhos antes que ela entre em colapso. Para reconstruir o exército face às ameaças que enfrentamos”, diz Lapid. 

“O atual governo não sabe fazer nenhuma dessas coisas. É por isso que prefere a guerra. Porque o liberta da necessidade de enfrentar os desafios. Sabemos como enfrentar esses desafios. Já fizemos isso antes, faremos de novo, melhor. É hora de mudar o governo e acabar com a guerra.”

A declaração de Lapid ocorre dias após o exército israelense anunciar que encontrou seis corpos de reféns em túneis do Hamas na Faixa de Gaza. Mais tarde, em nota, o grupo islâmico disse que “a insistência de Netanyahu em libertar os prisioneiros por meio da pressão militar em vez de concluir um acordo significa que eles retornarão para seus parentes em caixões”.

Nos dias seguintes, cerca de 500 mil manifestantes tomaram as ruas de Israel para protestar contra a coalizão de extrema direita e pressionar por um acordo de cessar-fogo e troca de reféns. Na segunda (2), uma greve geral paralisou uma série de serviços no país e mobilizou o grupo político de Netanyahu, que foi a público pedir desculpas.

TPI decidirá mandado contra Netanyahu e Reino Unido cancela envio de armas

O jornal britânico The Guardian publicou nesta terça (3) que o Tribunal Penal Internacional (TPI) deve decidir nos próximos dias se vai emitir mandado de prisão contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e Yoav Gallant, ministro da Defesa israelense, por cometerem crime de guerra e contra a humanidade no conflito em Gaza.

A denúncia foi realizada em março, quando o promotor-chefe do TPI, Karim Khan, disse que Netanyahu e Gallant são responsáveis por “matar deliberadamente os civis de fome”, “homicídio doloso”, “extermínio e/ou assassinato” e “perseguição” de palestinos na Faixa de Gaza desde 8 de outubro de 2023, data do início da retaliação do país aos ataques realizados pelo Hamas no dia anterior

Caso o tribunal decida emitir o mandado, Netanyahu e Gallant poderão ter seus destinos de viagens limitados a países que não são signatários do Estatuto de Roma, já que os países que ratificaram o acordo devem cumprir as ordens do TPI.

Nesta segunda (2), o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, anunciou que suspenderá 30 das 350 licenças de exportação de armas para Israel. A justificativa para a suspensão foi o “risco claro” de que possam ser usadas em violações do direito humanitário internacional.

“Diante de um conflito como este, o governo tem o dever legal de rever as licenças de exportação”, afirmou Lammy. A decisão do governo britânico, no entanto, não inclui peças para os caças F-35, decisão criticada por grupos defensores dos direitos humanos.

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