Vietnã se torna polo de excelência em semicondutores
Professor da USP destaca posição do Vietnã no setor de semicondutores e revela potencial e oportunidades para o Brasil com parcerias estratégicas
Publicado 28/08/2024 19:04 | Editado 29/08/2024 09:28
O Jornal da USP trouxe, na terça-feira (27), na coluna do Observatório da Inovação, do professor Glauco Arbix, a posição de destaque do Vietnã no setor de semicondutores.
O professor titular do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da FINEP (2011-2015) destaca que a indústria de semicondutores alcançara um mercado de US$ 1 trilhão em 2030.
A relevância do setor é estratégica, pois está inserida em todos os equipamentos eletrônicos, fato que ficou ainda mais evidente com o desenvolvimento da inteligência artificial (IA).
Durante a pandemia, inclusive, o mercado automobilístico foi afetado com a falta de microchips, elevando os preços e atrasando entregas.
Leia mais: Alckmin diz que PL aprovado na Câmara aprimora política para semicondutores
Na sua coluna, Arbix entende que a disputa entre Estados Unidos e China aumentará e a procura pelos semicondutores continuará crescendo. Este cenário abre oportunidade para quem souber se posicionar, inclusive o Brasil.
Neste ponto, é importante destacar que o Brasil e Vietnã avançaram na cooperação em semicondutores. Além disso, nos últimos meses, o projeto de lei do Programa Brasil Semicondutores (Brasil Semicon) avançou. Este faz parte das diretrizes da Nova Indústria Brasil (NIB).
Leia mais: Brasil e Vietnã querem avançar na cooperação em semicondutores
Voltando às observações do professor, o Vietnã (no qual a parceria brasileira avança pela condução do PCdoB no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) hoje é o centro global de semicondutores com taxa de crescimento constante desde 2016.
O posicionamento do país asiático atrai empresas dos Estados Unidos “que praticamente destruíram o país há 50 anos numa guerra”, lembra Arbix. Neste sentido, o país só perde para Taiwan e Malásia nas exportações de semicondutores e circuitos integrados para os EUA.
Como ele explica, por trás do sucesso está o investimento vietnamita em um polo de profissionalização de engenheiros da área. O professor destaca que para além da qualificação da mão de obra, este processo permitiu troca de experiências com multinacionais, o que enriqueceu o setor no país.
Leia mais: Como a China contra-atacou os EUA e virou o jogo dos semicondutores
Por fim, Arbix entende que o Brasil deve estar atento, uma vez que pode tirar benefícios de disputas globais e, com isso, receber empresas de chips com a intenção de migrar de localidade em busca de melhores condições e com a finalidade de ficar fora do centro de disputas e embargos entre ocidente e oriente.
Outro ponto que conta a favor, assim como o bom relacionamento que o Brasil mantém com os principais desenvolvedores de chips, é contar com uma matriz energética limpa e com estoques de metais necessários para a produção dos semicondutores: isto atrai empresas e investimentos.
Ouça aqui a coluna completa.