Economia argentina volta a surpreender negativamente e cai 3,9% em junho

Com a política de austeridade fiscal de Milei, o consumo das famílias despencou e o setor varejista registrou uma queda de 17% no ano. Indústria e também continua em queda.

O presidente Javier Milei, junto a jornalistas na Casa Rosada. foto: Presidencia argentina

A atividade econômica argentina caiu 3,9% em junho em comparação com o mesmo período em 2023, mostraram dados oficiais desta quarta (21). A queda de junho foi o dobro da contração de 1,9% esperada por analistas consultados pela agência Reuters.

A maior queda prevista na pesquisa estimava que a combalida economia liderada pelo presidente Javier Milei encolheria 3,2%, o que mostra uma frustração nas expectativas irreais dos agentes de mercado.

O resultado vem após a economia argentina apresentar uma alta anual de 2,3% em maio, num movimento raro, já que o país vinha de seis meses consecutivos de quedas na atividade econômica.

Naquele mês, a alta foi puxada pelo setor agrícola e pecuário, que disparou 100% na relação anual, superando um período de secas severas no ano anterior, que prejudicou as plantações.

Agora, o resultado abaixo das expectativas para a economia reflete as duras medidas de austeridade que Milei promoveu para atingir o superavit fiscal. As medidas afetaram o consumo, bem como os setores-chave de construção e manufatura.

Segundo a Câmara Argentina da Média Empresa, a venda no varejo caiu 15% em julho, em relação ao mesmo período de 2023, e 17% no acumulado do ano. Salários e aposentadorias sofreram uma queda importante e milhares de demissões ocorreram. Hoje, 41,7% dos 46,7 milhões de argentinos estão abaixo da linha da pobreza.

A construção caiu quase 24% em relação ao ano anterior em junho, enquanto a atividade industrial recuou 20% no mês.

De acordo com dados da Seguridade Social, mais de 600 mil pessoas deixaram de contribuir nos últimos seis meses, o que poderia significar uma perda de emprego ou uma transição para a informalidade laboral.

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