Musk “corre” do Brasil para dificultar cumprimento de ordens judiciais
Bilionário tem confrontado leis mundo afora para incitar a extrema direita
Publicado 19/08/2024 19:58 | Editado 20/08/2024 13:17
O empresário Elon Musk resolveu fechar o escritório da rede social X no Brasil. Na sua justificativa aparece o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, principal alvo da extrema direita.
O anúncio feito no sábado (17), em postagem na própria rede, coloca que o X continuará disponível aos brasileiros. A justificativa é de que Moraes ameaça de prisão seus funcionários.
Em comunicado, os responsáveis pela plataforma dizem que o STF recusou ouvi-los sobre ordens para retirada de conteúdo do ar. Eles se referem a determinação do ministro para que os advogados da rede no país tomem providências para bloqueio de contas de usuários. No texto é apresentado que uma administradora poderia ter a prisão decretada.
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Fato é que a rede desrespeita o povo brasileiro ao não atender as determinações do judiciário. A finalidade de Musk todos sabem: incitar a extrema direita nacional à insubordinação.
Especialistas apontam que o fechamento do escritório, que contava com cerca de 40 funcionários, também é estratégico, pois dificulta o cumprimento de ordens judiciais, ainda que estas já não estavam sendo respeitadas.
Desde abril, o empresário atenta contra Moraes, quando iniciou uma série de postagens críticas, o acusando de censurador e pedindo o seu impeachment. Para tal situação infame chegou a mobilizar deputados da ultradireita dos Estados Unidos, que levantaram uma série de acusações falsas e foram prontamente bajulados pelos bolsonaristas.
Mesmo com o fim do escritório, a rede X ainda deverá seguir o Marco Civil da Internet brasileiro, assim como o descumprimento de ordens sem apelação ou por acúmulos de multas pode ocasionar suspensões temporárias, como a já ocorrida com o Telegram.
Não é só no Brasil
Musk tem sido porta-voz da extrema direita mundial. Nos Estados Unidos apoia Donald Trump e anunciou o retorno do ex-presidente à plataforma com uma entrevista. Com isso deu voz a um candidato que, repetidamente, apela para fake news.
Ele também já se envolveu em controvérsia com o Parlamento Europeu, que tem se queixado da falta de limites empregados na rede X para impedir violência escamoteada por liberdade de expressão.
Com isso, o dono da rede tem arregimentado seguidores em vias de formar uma coalização da extrema direita mundial com a finalidade de sublevação contra os poderes democráticos.
No Brasil esta união de figuras orquestradas pelas redes visa dificultar as investigações da tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Além disso, tem auxiliado ataques de extremistas induzidos por figuras que fugiram para outros países.
A falta de respeito à legislação não acontece só no Brasil e na Europa. Na Austrália, Musk já cometeu abusos similares, ao descumprir ordens judiciais. Ele também se meteu nos atos de violência da extrema direita no Reino Unido ao fazer referência a uma guerra civil, o que descontentou o governo local.
Com o avanço da candidata democrata Kamala Harris nos EUA, existe a preocupação de que a combinação Musk-Trump possa despertar efeitos nocivos como o ocorrido na invasão do Capitólio, em 2021.