Em dez meses, ataques de Israel a Gaza já mataram 40 mil pessoas, 130 por dia

Comissário da ONU diz que situação resulta, em boa medida, às falhas recorrentes das forças de Israel “em cumprir as regras da guerra” e Papa Francisco volta a pedir paz

Ataque de Israel a Gaza. Foto: Wikimedia Commons

Cerca de 40 mil pessoas perderam a vida em Gaza desde que tiveram início os ataques de Israel, em outubro, segundo dados do Ministério da Saúde local, apresentados pelas Nações Unidas nesta quinta-feira (15). O número equivale a 130 mortes por dia nesses dez meses. A grave situação na região levou o papa Francisco a fazer, no mesmo dia, um novo apelo por um cessar-fogo imediato. 

Ainda de acordo com as autoridades palestinas, a estimativa é de que 2% da população da região foi morta, o que corresponde a um óbito a cada 50 pessoas, e 10 mil corpos continuam sob escombros de edificações destruídas. 

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“Enquanto o mundo reflete e considera sua incapacidade de evitar essa carnificina, peço a todas as partes que concordem com um cessar-fogo imediato, deponham as armas e parem com a matança de uma vez por todas”, declarou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk.

Turk também salientou que o dia de hoje, quando este alto número de vítimas foi alcançado, “é um marco sombrio para o mundo”. Ele completou enfatizando que a maioria dos mortos é de mulheres e crianças e acrescentou: “Essa situação inimaginável se deve, em grande parte, às falhas recorrentes das Forças de Defesa de Israel em cumprir as regras da guerra”. 

Apelo papal

Tamanha carnificina e o quadro humanitária desolador enfrentado pelos palestinos também levaram o Papa Francisco a, novamente, apelar para a paz nesta quinta (15). “Continuo acompanhando com preocupação a gravíssima situação humanitária em Gaza e peço mais uma vez que o fogo seja cessado em todos os frontes, que os reféns sejam libertados e que se ajude a população esgotada”, afirmou o pontífice. 

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“Encorajo todos a realizar todos os esforços para que o conflito não se amplie e a percorrer os caminhos das negociações a fim de que essa tragédia termine em breve. Não nos esqueçamos que a guerra é uma derrota”, completou o papa. 

Negociações

Ambas as manifestações — da ONU e do Papa — acontecem no mesmo dia escolhido para uma nova reunião entre mediadores dos Estados Unidos, Catar e Egito e representantes de Israel e do Hamas para buscar um acordo que cesse os ataques. 

Comunicado sobre o encontro, marcado na semana passada, dizia que “é hora de trazer alívio imediato tanto para o povo de Gaza, que está sofrendo, quanto para os reféns e suas famílias, que também enfrentam grande sofrimento”.

Nesta terça (13), o Hamas disse que não enviaria representante por considerar que Israel está dificultando as negociações — o governo israelense, por sua vez, afirma que a culpa pelo atraso seria do grupo palestino. 

No entanto, reportagem recente do The New York Times mostrou o contrário do alegado por Benjamin Netanyahu, apontando que seu governo teria feito exigências que inviabilizariam a trégua, entre elas a permanência das forças israelenses no controle da fronteira sul de Gaza e uma menor flexibilidade para que palestino retornem às suas casas ao fim do conflito. 

Com agências