América Latina e Caribe crescem apenas 0,9% na última década

Comissão da ONU revela prisão em “armadilha de baixo crescimento” com poucos investimentos e produtividade; relatório indica crescimento de 1,8%, em 2024, e de 2,3%, em 2025

Imagem: montagem com fotos de Pixabay/Jornal da USP

A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) publicou um relatório que mostra que os países da América Latina tiveram uma taxa de crescimento econômico média de 0,9% entre 2015-2024. Este baixo crescimento é visto como uma armadilha pela comissão regional da ONU (Organização das Nações Unidas), pois é acompanhado por fracos investimento e baixa produtividade do trabalho.

No Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2024: armadilha de baixo crescimento, mudança  climática e dinâmica do emprego ainda é apontado como parte desse labirinto que impede a região de se desenvolver a falta de espaço para implementar políticas macroeconômicas reativadoras, ainda mais em um cenário de incerteza global.

A avaliação é de que esta armadilha de baixo crescimento deve permanecer neste ano. O crescimento estimado para América Latina e o Caribe é de 1,8%. De forma pormenorizada, a comissão indica o crescimento das sub-regiões.

  • América do Sul crescendo 1,5%;
  • América Central e México, 2,2%;
  • Caribe (excluindo a Guiana), 2,6%.

A expectativa para o próximo ano é mais otimista e aponta para um crescimento de 2,3% em toda a região e de 2,4%, considerando somente a América do Sul.

Empregos

A geração de empregos tem forte impacto nas observações trazidas pelo estudo. O baixo crescimento anda de mão dada com a taxa de empregados.

“Entre 2014 e 2023, o crescimento médio do número de pessoas empregadas na região foi de 1,3%, um terço do registrado na década de 1970 (3,9%)”, traz o relatório.

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Outro fantasma para que o crescimento econômico ande em círculos é a produtividade do trabalho, que alcançará o menor patamar em 2024 desde o começo do monitoramento em 1980.

Neste ponto a organização alerta que as ocasiões do crescimento do emprego ocorreram em setores em que a informalidade é disseminada: situação atrelada à baixa produtividade. Conforme a Cepal, os setores a seguir concentram 74,4% da informalidade e possuem as menores produtividade: construção, comércio, transporte/turismo e serviços.

Brasil

Em específico sobre o Brasil no último ano, o Conselho observa que a economia nacional teve grande sucesso ao superar as estimativas em 2023 e alcançar um Produto Interno Bruto (PIB) de 2,9%.

Este resultado extraordinário foi alavancado pelo retorno da dinamização das exportações, que tiveram expansão de 9,1%, principalmente pela safra agrícola recorde colhida no ano.

Além disso, outro motor do crescimento da economia brasileira no ano passado esteve no consumo das famílias, destaca a Cepal. Este quesito esteve presente pelo fortalecimento de políticas sociais, incluindo os programas governamentais como o Bolsa Família, pelo aumento real do salário mínimo, pela redução da inflação e com a nova política de renegociação de dívidas, o programa Desenrola Brasil.

“O dinamismo econômico [brasileiro] se traduz em um aumento de 1,6 milhão de pessoas ocupadas”, mostra o estudo.

*Informações Cepal