Gaza tem final de semana sangrento com ataques a escolas e hospital

Jerusalem e Cisjordânia também sofrem avanços de colonos e agressões a palestinos com confisco de suas propriedades

Pessoas assistem enquanto os corpos de palestinos não identificados são enterrados em uma vala comum após os corpos terem sido entregues por Israel, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 5 de agosto de 2024

A violência atingiu novos níveis de devastação na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, com forças de ocupação realizando massacres que deixaram pelo menos 33 mortos e 118 feridos. Entre as vítimas, 30 foram mortas e outras ficaram feridas durante um bombardeio direcionado a duas escolas no bairro de Al-Nasr, que abrigavam pessoas deslocadas, e um grupo de palestinos no bairro de Al-Zaytoun.

As escolas Ansar e Hassan Salama foram alvo de aviões de guerra, resultando na morte de dezenas de pessoas, cujos corpos foram levados ao Hospital Batista da cidade. Segundo a Defesa Civil, 30 cadáveres foram recuperados dos escombros das escolas, e 16 pessoas ainda estão desaparecidas. Além disso, um ataque nas proximidades do Hospital de Al-Aqsa em Deir Al-Balah matou cinco pessoas e feriu outras.

O impacto humanitário dessas ações é devastador. Dr. Majed Abu Ramadan, Ministro da Saúde da Palestina, alertou sobre uma iminente catástrofe epidemiológica, com surtos de hepatite epidêmica, doenças respiratórias e infecções bacterianas. Há também um risco crescente de um surto de poliomielite.

Tortura de prisioneiros e colonização

A violência não parou aí. Três palestinos foram assassinados em um bombardeio de drones no leste da cidade de Gaza, e a Comissão para Assuntos de Prisioneiros documentou depoimentos sobre o sofrimento dos detidos na prisão israelense de Ofer, descrevendo um quadro de tortura física e psicológica.

Enquanto isso, na Cisjordânia e em Jerusalém, as forças de ocupação continuaram suas operações, fechando áreas, prendendo jovens e permitindo a entrada de colonos na Mesquita de Al-Aqsa sob proteção policial.

Além dos ataques diretos, a Comissão de Resistência ao Muro e aos Assentamentos relatou 1.110 ataques durante o mês de julho, realizados tanto por forças de ocupação quanto por colonos israelenses. Esses ataques, concentrados principalmente em Hebron, Nablus e Jerusalém, incluíram execuções, destruição de árvores, confisco de propriedades e demolição de moradias.

Em Jerusalém ocupada, dois jovens palestinos foram assassinados, 127 foram encarcerados e 76 operações de demolição e arrasamento foram realizadas. Os ataques resultaram na destruição de 970 árvores e na apropriação de 450 hectares de terras palestinas.

Hakan Fidan, Ministro de Assuntos Exteriores da Turquia, destacou a necessidade urgente de atenção internacional para o genocídio em Gaza, criticando o bloqueio de ajuda humanitária e a contínua violência. A Turquia confirmou que apresentará oficialmente sua petição para se juntar ao caso de genocídio da África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (CIJ) na quarta-feira.

Andrea De Domenico, da ONU, e Catherine Russell, da UNICEF, também expressaram profunda preocupação com o sofrimento físico e psicológico da população de Gaza, especialmente das crianças.

A situação é igualmente grave para os jornalistas. Jodie Ginsberg, diretora executiva do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, relatou a morte de mais de 100 jornalistas e a detenção arbitrária de muitos outros, destacando a censura e a falta de acesso à informação independente.

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