UJS: 40 anos, que venha um milênio!
A UJS, desde o início, entendeu que a revolução socialista que virá será obra de milhões. E assim, igual ao arroz ou ao trigo, tem que ser semeada, cultivada
Publicado 26/07/2024 11:37 | Editado 26/07/2024 11:38
A União da Juventude Socialista (UJS) festeja 40 anos. Nasceu, na maior cidade do país, São Paulo, com gente de Norte a Sul, na primavera de 1984. Os primeiros passos se deram na ofensiva final que pôs abaixo a ditadura militar.
“A fina estampa” de suas bandeiras, cartazes e posts simbolizam quem a inspiram: Castro Alves, Che Guevara, Olga Benário, e os/as guerrilheiros/as do Araguaia: Helenira, Dina, Osvaldão, João Carlos Haas, Maria Lucia Petit…
Agora, neste julho de 2024, também na cidade de São Paulo, celebra quatro décadas, plena de energia, em expansão, suas raízes se espalhando por mais escolas e universidades, indo além do movimento estudantil, por territórios e uma diversidade de causas coletivas.
Seu berço foi a batalha das ruas, de onde nunca tirou os pés, e o seu combustível tem sido a energia limpa e renovável que vem da rebeldia, dos sonhos e projetos libertários, revolucionários da juventude.
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Não é somente uma juventude que sonha (o que por si só já seria uma proeza, uma vez que reinam os pesadelos), é uma juventude que confronta seu sonho com a realidade, como recomendava Lênin; que vai arrancando das rochas brutas do presente o futuro socialista e radioso que virá.
Aliás, esta é a grande razão de sua força. E, já podemos falar, da longevidade da UJS. Vem de um ideal, de um projeto revolucionário, que lhe deu o nome: o socialismo.
Diante de um capitalismo que empurra o mundo para múltiplas crises, a UJS estuda, pesquisa, argumenta, demonstra, indica, grita que alternativa é o socialismo.
Assim como a poesia Nosso tempo, de Carlos Drummond de Andrade, a UJS, desde o nascedouro, promete ajudar a destruir o sistema capitalista, como uma pedreira ou um verme.
A juventude quer a paz, a cooperação entre os povos. O capitalismo espalha guerras, como é caso da guerra na Ucrânia, que foi maquinada pelo imperialismo estadunidense. Ou do genocídio praticado contra o povo palestino em Gaza pelo governo da extrema-direita de Israel.
A juventude protesta diante do nosso belo planeta ferido, pela exploração predatória da natureza, posto que o capitalismo, em busca do lucro máximo e rápido, destrói mares, rios, florestas, adoece os animais, mutila tudo que tem vida.
Mas a UJS, desde o início, entendeu que a revolução socialista que virá será obra de milhões. E assim, igual ao arroz ou ao trigo, tem que ser semeada, cultivada. Cada grêmio, cada centro acadêmico, da pequenina mobilização às grandes jornadas, cada refrega nas redes, cada manifesto, cada evento cultural, esportivo, cada discurso – em suma, confrontando as iniquidades do capitalismo –, a UJS vai ganhando força.
Porém, a UJS aponta o socialismo como alternativa, mas não faz dele uma pregação doutrinária, messiânica.
Daí, a presença viva, concreta, na jornada cotidiana da juventude por seus direitos a educação, ciência, cultura, esporte, lazer, emprego, melhores salários, o direito a uma sociedade solidária, sem a violência que ceifa e encarcera os jovens, sobretudo os pobres e pretos e pretas, sem racismo, sem LGBTfobia; uma sociedade que garanta os direitos das mulheres, um país que combata eficazmente a violência que se perpetra contra as mulheres; que assegure os direitos dos povos indígenas.
Como todo organismo vivo, a UJS enfrentou sobressaltos, aprende com seus acertos e erros, tecendo a cada geração novas sínteses que lhe dão atributos para se renovar sempre, mantendo sua essência revolucionária.
Seu legado de quarenta anos de lutas à juventude e ao Brasil é rico. Desde o voto aos 16 anos na Constituinte 88, seguido das mobilizações épicas dos caras pintadas, atravessando a jornada de resistência à avalanche neoliberal dos anos 1990, passando pela conduta política de autonomia e apoio aos governos Lula e Dilma, que resultaram em grandes conquistas à juventude, chegando ao período recente, quando UJS esteve e estáfaceboo na linha de frente de combate a extrema-direita, das batalhas do período da pandemia, por pão, vacina e educação, desaguando, finalmente, nas ações, hoje, pela reconstrução do país.
A homenagem da UJS a Renato Rabelo, entre outras lideranças, é de forte simbolismo. Ao PCdoB, partido que deu vida à UJS, e a Renato, que esteve na coordenação dos debates que resultaram na criação da UJS, que teve dele todo apoio quando exerceu a presidência da legenda comunista.
O título desde texto parafraseia um poema do poeta Thiago de Mello.
O que são quarenta anos para quem se propôs a construir um milênio? Na paráfrase, o “milênio” da UJS é a conquista revolucionária de um Brasil soberano, democrático e socialista.
A UJS se orgulha de seu passado, mas é, sobretudo, presente e futuro!
PS: Integrei o elenco de jovens, homens e mulheres, que no primeiro quinquênio dos anos 1980 recebeu do PCdoB a desafiadora e honrosa tarefa de plantar e cuidar daquela nascente árvore, Vê-la hoje, frondosa e frutífera, nos dá um orgulho danado.