Participação social é destaque da Conferência de Ciência e Tecnologia, diz Rezende

“É uma demonstração de que a sociedade está percebendo de maneira clara que a ciência é importante para o desenvolvimento do Brasil”, disse o secretário-geral do evento, Sergio Rezende, ao Portal Vermelho

Ex-ministro Sergio Rezende nos eventos preparatórios (Foto: Diego Galba/5CNCTI)

O secretário-geral da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI) e ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, diz que aguardava grande participação da sociedade nos encontros preparatórios para o evento, mas confessa que o público surpreendeu.

“É uma demonstração de que a sociedade brasileira está percebendo de maneira clara que a ciência é importante para o desenvolvimento do Brasil”, resumiu Rezende nesta sexta-feira (26) numa entrevista exclusiva ao Portal Vermelho.

A 5CNCTI começa no próximo dia 30 (terça-feira), em Brasília, e vai até o dia 1º de julho. Na fase preparatória, os encontros reuniram mais de 100 mil pessoas (presencial e remotamente) de vários setores como estudantes, professores, empresários, movimentos sociais, agentes públicos e a sociedade.

“Nos surpreendeu o número [157] de conferências livres, porque no planejamento do que ocorreria prevíamos conferências estaduais, regionais, municipais e reuniões temáticas, mas começou a surgir sugestões de outras reuniões e como não poderíamos, digamos assim, ter uma participação ativa em todas elas, nós chamamos de conferências livres”, explica o ex-ministro.

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De acordo com o secretário-geral do evento, para participar da etapa nacional as conferências livres precisavam ter um dia de duração com participação presencial e remota, mas algumas duraram dois dias e outras tiveram desdobramentos.

“Como essa participação, grande parte, foi espontânea, nós estamos certos de que na próxima semana, na conferência nacional, teremos as comunidades envolvidas, principalmente a comunidade científica, animada e mobilizada. Isso é justificado, em parte, pelo fato de há 14 anos não termos uma conferência, sendo essa a primeira desde 2010”, observa.

A participação social massiva também refletiu nos debates, uma vez que 42% deles giraram em torno do eixo Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento social.

Os demais eixos são: recuperação, expansão e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas; e Ciência, Tecnologia e Inovação para programas e projetos estratégicos nacionais.

Negacionismo

“O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), comandado pela ministra Luciana Santos, definiu quatro eixos estratégicos. O quarto eixo é ciência e tecnologia para o desenvolvimento social. E tem uma secretaria para isso, porque os dois governos negacionistas anteriores extinguiram essa secretaria, não dava importância à ciência para o desenvolvimento social”, afirmou.

Para ele, o acúmulo de debate em torno desse tema é reconhecimento da sociedade da importância da ciência para o desenvolvimento e diminuição das desigualdades sociais.

“Ao contrário do que tivemos nos dois governos anteriores, principalmente no último, que foi um desastre. Ele [Bolsonaro] nem acreditava que a ciência pudesse ser importante para combater a Covid”, criticou.

Diálogo

O secretário-executivo destacou ainda o diálogo entre os diferentes setores como a comunidade acadêmica, científica e o setor produtivo, mas ele destacou outras participações.

“Nas conferências livres, nós tivemos a participação de comunidades, algumas meio isoladas na Amazônia, comunidades indígenas de povos indígenas e participação de trabalhadores de vários setores. Então, ela é mais ampla do que apenas com a comunidade científica e tecnológica e de educação”, observa.

Rezende lembra que há uma missão a ser cumprida. “A conferência foi convocada pelo presidente Lula, que assinou um decreto no dia 12 de julho de 2023, e deu uma missão: discutir o sistema de ciência e tecnologia, o que aconteceu nos últimos anos, e fazer proposições de estratégia para nós termos um plano de ação de longo prazo do governo, naturalmente, que atenda aos anseios da comunidade”, explicou.

Portanto, a partir da conferência haverá um plano estratégico para o desenvolvimento do Brasil. Durante o evento, a nova estratégia substituirá a de 2016-2023, e os programas, planos e resultados dessa estratégia também serão analisados.

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