Com Lula, Brasil se recupera e sai de lista dos que menos vacinam crianças
Após piora na cobertura vacinal, sobretudo com Bolsonaro, país tem queda de 85% no número de crianças que não receberam imunizante contra difteria, tétano e coqueluche
Publicado 23/07/2024 12:48 | Editado 25/07/2024 16:28
Pouco a pouco, o Brasil vai se reerguendo após a destruição causada pelo bolsonarismo dentro e fora do poder central. Uma das mais recentes vitórias foi a queda de 85% no número de crianças não vacinadas com a DTP1 — que protege contra difteria, tétano e coqueluche. Com esse avanço, o país deixou a lista das 20 nações com mais crianças não imunizadas.
No caso dessa vacina especificamente, a falta de cobertura, que atingiu 687 mil crianças em 2021, ainda sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), caiu para 103 mil em 2023, primeiro ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Já o número de crianças brasileiras que não receberam a DTP3 caiu de 846 mil em 2021 para 257 mil em 2023. No Brasil, a DTP — administrada pelo Programa Nacional de Imunizações, do SUS, é conhecida como pentavalente. Os dados foram publicados em relatório da Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da Organização Mundial da Saúde, no dia 15.
Como parte da onda de ódio e retrocessos trazidas pela extrema direita, veio o negacionismo — estimulado pelo ex-presidente, ministros e seu entorno. O resultado foi que, mesmo em meio à pandemia de covid, boa parte da população passou a desconfiar e a negar a importância da vacinação tanto contra o coronavírus quanto contra outras doenças, deixando, inclusive, de proteger suas crianças.
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Nesse processo destrutivo da saúde pública, o Brasil, que há anos havia alcançado posição de destaque mundial na imunização de sua população, caiu vertiginosamente nesse ranking.
De acordo com o Observatório da Atenção Primária à Saúde da associação civil sem fins lucrativos Umane, o país atingiu em 2021, penúltimo ano do governo Bolsonaro, a menor cobertura vacinal em um período de 20 anos, com uma média de 52,1%.
De 2001 a 2015, aponta a Umane, a média nacional de cobertura vacinal se manteve sempre acima dos 70%, mas, em 2016, diminuiu para 59,9% e passou a cair desde 2019, atingindo os 52,1% em 2021.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, lembra que “depois de conquistas como a erradicação da varíola e a eliminação da poliomielite, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) se encontrava sob grave risco. Desde 2016, o Brasil enfrentava quedas sucessivas nas coberturas vacinais. No ano passado, revertemos essa tendência”.
Mas, salientou, “nós revertemos esse cenário. Em fevereiro de 2023, logo que assumimos a gestão, demos largada no Movimento Nacional pela Vacinação, um grande pacto para a retomada das coberturas vacinais. O Zé Gotinha viajou pelo Brasil, levando a mensagem de que vacinas salvam vidas. E hoje, com o reconhecimento da Unicef e da Organização Mundial da Saúde, confirmamos que o Brasil se destacou positivamente com a retomada das coberturas vacinais”.
Ela acrescentou que “tudo isso foi possível com o empenho e o trabalho dos profissionais da saúde e dos gestores estaduais e municipais. Nosso agradecimento a todos aqueles que se mobilizaram, que levaram as crianças para atualizar a caderneta de vacinação e que confiaram no Sistema Único de Saúde”.
“Após anos de queda nas coberturas vacinais infantis, a retomada da imunização no Brasil merece ser comemorada. Agora, é fundamental continuar avançando, ainda mais rápido, para encontrar e imunizar cada menina e menino que ainda não recebeu as vacinas”, defende Luciana Phebo, chefe de Saúde do Unicef no Brasil.
Investimento em saúde
Uma das prioridades do Ministério da Saúde no atual governo tem sido o incentivo à vacinação, para que doenças comuns a crianças e adultos possam ser controladas ou mesmo erradicadas, o que representa um ganho para a saúde pública e uma redução de gastos futuros do SUS com tratamentos que poderiam ter sido evitados.
No ano passado, 13 das 16 principais vacinas do calendário infantil apresentaram aumento das suas coberturas vacinais em todo o Brasil, se comparadas às coberturas registradas em 2022.
Entre os destaques de crescimento estão: as vacinas contra a poliomielite (VIP e VOP), pentavalente, rotavírus, hepatite A, febre amarela, meningocócica C (1ª dose e reforço), pneumocócica 10 (1ª dose e reforço), tríplice viral (1ª e 2ª doses) e reforço da tríplice bacteriana (DTP).
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Nos 13 imunizantes que apresentaram recuperação, a média de alta foi de 7,1 pontos percentuais, sendo que nacionalmente a que mais cresceu em cobertura foi o reforço da tríplice bacteriana, com 9,23 pontos, passando de 67,4% para 76,7%. Ao avaliar a cobertura vacinal entre os estados, a maioria apresenta melhoria na cobertura das 13 vacinas citadas.
O investimento para apoiar estados e municípios nessa estratégia também aumentou. Mais de R$ 6,5 bilhões foram investidos em 2023 na compra de imunizantes e a previsão é que esses recursos alcancem R$ 10,9 bilhões em 2024.
Segundo o governo, de forma inédita, R$ 150 milhões foram repassados por ano aos estados e municípios, em apoio às ações de imunização com foco no microplanejamento, ou seja, nas ações de comunicação regionalizadas.
Outra medida importante foi o lançamento, em 2023, do programa Saúde com Ciência, uma iniciativa inédita em defesa da vacinação e voltada ao enfrentamento da desinformação.
A proposta faz parte da estratégia para recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso. A propagação de fake news é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.
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