Mercado festeja corte de R$15 bi que pode sacrificar os mais pobres
Para Flauzino Antunes Neto, da CTB, cortes são resultado da pressão para o cumprimento do superávit primário visando o pagamento de juros
Publicado 19/07/2024 17:45 | Editado 23/07/2024 13:14
O corte de gastos públicos de R$ 15 bilhões no orçamento anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi recebido com entusiasmo pelo mercado, que já defende mais ajustes.
Ou seja, pouco interessa a esse segmento que o equilíbrio das contas públicas seja feito sacrificando a população mais pobre desse país, principal beneficiada pelo programas sociais e investimentos públicos.
Embora a decisão da equipe econômica seja atingir a meta fiscal, ainda é dúvida de que essa medida contribua para que o Banco Central (BC), comando pelo bolsonarista Campos Neto, corte taxa de juros
Mesmo com esse aceno do governo, alguns economistas acreditam que, até o final do ano, a Taxa Selic não ficará abaixo dos 10,5%.
Leia mais: Usar dívida pública como justificativa para juros altos é uma escolha política
Aliás, mantida a taxa nesse patamar, o Brasil segue sendo um paraíso para o mercado financeiro. Por exemplo, os últimos 12 meses, a dívida pública cresceu 13%, chegando a R$ 8,522 trilhões em junho.
Somente em 2023, os gastos com o pagamento de juros da dívida pública chegaram a R$ 816,2 bilhões em juros aos credores.
Portanto, tem lógica a enorme pressão que o mercado e a mídia fizeram no governo para que os cortes fossem feitos, apesar de não ser esse o problema central.
Vejamos: não existe um governo problemático nas contas públicas, pois os indicadores econômicos estão cada vez melhores com taxa de desemprego caindo, inflação controlada e grande crescimento.
Nossas reservas internacionais são de US$ 355 bilhões e se aguarda superávit de US$ 100 bilhões, um dos cinco maiores do mundo. Não à toa o país é a oitava economia do planeta.
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil do Distrito Federal (CTB-DF), Flauzino Antunes Neto, considera os cortes como resultado da pressão para o cumprimento do superávit primário visando o pagamento de juros ao setor financeiro.
“Eles especulam com os títulos do governo federal e querem a garantia dos juros. Isso está no bojo do arcabouço fiscal que foi implementado. O mercado pressiona para que o governo não faça suas atividades fins, fazendo com que o dinheiro da população seja aplicado em investimento, obras públicas e políticas sociais”, criticou.