Maioria dos focos de incêndio no Pantanal decorre da ação humana, diz ministra
Marina Silva aponta que 85% das queimadas estão em propriedades privadas. Polícia Federal investiga causadores da tragédia que devasta um dos principais biomas brasileiros
Publicado 02/07/2024 10:52 | Editado 02/07/2024 18:35
Os incêndios devastadores que tomam o Pantanal estão sendo investigados pela Polícia Federal. Além disso, duas bases do governo federal vão ser criadas para agilizar as ações de combate às queimadas. Os anúncios foram feitos nesta segunda-feira (1º) em entrevista coletiva com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
A princípio, cerca de 19 focos serão averiguados devido à possibilidade de decorrerem da ação humana. “O que nós estamos identificando é que 85% dos incêndios que temos hoje estão ocorrendo em propriedades privadas. A história de que pode ser raio, descarga de raio, não é [verdadeira]. É por ação humana”, afirmou a ministra. “O que tem de concreto é que sabemos de onde saiu a propagação, trabalhamos com tecnologia avançada”, destacou.
Marina classificou a situação vivida pelo Pantanal como desoladora. Ela explicou que as autoridades policiais, sob o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, estão apurando as circunstâncias dos incêndios, que podem ser considerados criminosos.
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A base inicial das investigações são as informações enviadas por órgãos ambientais, como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
De acordo com o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no último ano houve mais de nove mil ocorrências de fogo, quase sete vezes mais do que os registrados pelo sistema no mesmo período do ano passado. Além do maior volume de queimadas, chama a atenção a antecipação do problema, que nos anos anteriores só foi intensificado a partir de agosto.
Relatório feito no final de junho pelo Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta que o ressecamento do solo observado nos anos de 2023 e 2024 não tem precedentes em termos de intensidade e duração, com “regime de seca persistente de intensidade extrema a moderada nos últimos 12 meses”.
No entanto, ressalta que “os incêndios de 2024 são de origem humana e não natural”. Até o momento, a área queimada soma cerca de 627 mil hectares, ultrapassando o desastre de 2020, quando 258 mil hectares foram consumidos pelas chamas. De acordo com o relatório, “ a probabilidade da área queimada exceder 2 milhões de ha até o final de 2024 é superior a 80%”.
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Diante da gravidade da situação no Pantanal, o governo federal criou um sala de situação, há quinze dias, formado por um grupo interministerial comandado pela Casa Civil da Presidência, com coordenação executiva do Ministério do Meio Ambiente e participação dos ministérios da Integração e do Desenvolvimento Regional, da Defesa e da Justiça e Segurança Pública.
As bases, criadas para facilitar o trabalhos das equipes serão no quilômetro 100 da Rodovia Transpantaneira (MT-060) e na cidade de Corumbá (MS), que concentrou 66,5% dos focos de incêndio registrados no bioma de janeiro a junho, conforme dados do Inpe.
Segundo informações do ministério, cerca de 500 funcionários do governo federal atuam em campo, apoiados por nove aeronaves, incluindo quatro aviões lançadores de água com capacidade para carregar 12 mil litros de água.
Na semana passada, o governo federal anunciou a liberação de R$ 100 milhões para ações do Ibama e do ICMBio no bioma. O governo do estado de Mato Grosso do Sul reconheceu situação de emergência em municípios afetados pelas queimadas na região, o que facilita a liberação de recursos e flexibiliza contratações públicas para compra de equipamentos, mobilização de equipes e outras ações de enfrentamento à crise.
Com informações da Agência Brasil e MMA