Candidaturas de Marçal e Datena racham extrema-direita em SP

As entradas do apresentador José Luiz Datena e do coach Pablo Marçal nas eleições municipais da capital paulista tendem a dividir o eleitorado de direita e ocorrem no momento em que Ricardo Nunes é pressionado pelo bolsonarismo na escolha da chapa.

O Diretório Municipal do PSDB (Partido Social Democrata Brasileiro) oficializou nesta quinta (13) a pré-candidatura do apresentador Datena na eleição de outubro, numa tentativa dos tucanos de reaver o Executivo do maior Colégio Eleitoral do Brasil.

O município já foi governado por prefeitos do partido e seus aliados ao menos seis vezes: com Mario Covas – que na época era do PMDB e deixou o partido para fundar o PSDB – José Serra, Gilberto Kassab (vice de Serra que assumiu apoiado por parte dos tucanos), João Doria, Bruno Covas e Ricardo Nunes.

O PSDB tenta reafirmar na capital paulista, cidade que é o berço do partido, com a candidatura de Datena. O partido deixou de apoiar a reeleição de Nunes após ter sido escanteado na escolha do vice na chapa. Em reunião fechada, Nunes e o MDB admitem que o vice será uma indicação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Outro estreante, o coach charlatão de direita Pablo Marçal (PRTB) anunciou a sua pré-candidatura ao palácio do Viaduto do Chá no fim de maio. Marçal ganhou notoriedade com seu trabalho como influenciador digital, vendendo cursos de desenvolvimento pessoal nas redes.

“A gente tem que ter uma independência mental”, disse o empresário. “Não vamos triturar o Estado, mas não é o Estado que vai nos ajudar. Se a gente se juntar devidamente e olhar para ele como ele é, é a gente que vai ajudar o Estado”, anunciou numa tentativa de perfumar seu liberalismo.

As duas candidaturas, se confirmadas, devem enfraquecer as intenções de voto do atual prefeito a candidato a reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

De acordo com a última projeção da Atlas/CNN, Marçal e Datena retiram 12,1% percentuais dos 32,6% que Nunes registra caso o coach e o apresentador de fato levem a cabo suas candidaturas. O coach registra 10,4% das intenções de voto e Datena aparece com 7,9%, um empate técnico com outro bastião do bolsonarismo lustrado com liberalismo, o atual deputado federal, Kim Kataguiri (União Brasil).

Guilherme Boulos (Psol) registra 37,2% e não é impactado pela fragmentação das candidaturas a direita da disputa eleitoral. No cenário