Mostra resgata episódios marcantes no centenário da Coluna Prestes
Exposição na Câmara dos Deputados apresenta trajetória de uma das maiores marchas militares da história mundial.
Publicado 21/05/2024 18:07 | Editado 22/05/2024 16:20
Fotos e documentos de época retratam o significado da Coluna Prestes 100 anos depois de o movimento percorrer mais de 25 mil quilômetros em defesa dos interesses do povo brasileiro. Até esta sexta-feira (24), quem passar pelo Espaço Mário Covas, no Anexo 2 da Câmara dos Deputados, poderá conferir registros dessa marcha que atravessou 13 estados brasileiros em busca de um Brasil mais justo.
Nesta terça-feira (21), representantes das fundações partidárias – Maurício Grabois, João Mangabeira, Leonel Brizola – Alberto Pasqualini e Perseu Abramo – lançaram a mostra para relembrar as movimentações militares que se encerraram em 1927.
“Para nós, é muito emocionante poder, 100 anos depois, trazer novamente à luz o que foi esse evento tão grandioso, uma epopeia humana reconhecida mundialmente, que foi a Coluna Prestes, que tem vários nomes. A Coluna Prestes foi isto: um amor pelo Brasil que precisou andar armado para derrubar a República Velha e instalar uma agenda que até hoje nós perseguimos diariamente nas nossas lutas”, diz a socióloga Ana Prestes, neta de Luís Carlos Prestes.
Entre as reivindicações da mobilização, estavam o voto secreto, a reforma do ensino público, a obrigatoriedade do ensino primário, a reforma agrária e a moralização da política. A pobreza e as condições precárias de vida no interior do Brasil também eram denunciadas.
“Jogar luz sobre a trilha da Coluna Prestes, um século depois, é realizar um tributo a seus autores e reacender a chama de seus ideais transformadores. Ainda estamos longe de alcançar plenamente aquelas bandeiras e, por isso, a marcha segue”, afirma o ex-presidente da Fundação Maurício Grabois, Adalberto Monteiro.
Na Câmara, estão expostos apenas 3 de 20 painéis lançados primeiramente no Festival Vermelho em março deste ano em Salvador (BA). Episódios marcantes, lideranças e cenas inesquecíveis desse movimento são lembrados na exposição. A ideia é levar a mostra completa para todos os estados brasileiros, assembleias legislativas, escolas, entre outros locais.
Uma sessão solene proposta inicialmente pelo líder do PCdoB na Câmara, Márcio Jerry (MA) e pelo deputado Rogério Correa (PT-MG) também será realizada na Casa. Outros parlamentares do campo progressista também apoiam a iniciativa.
“É um momento importante, estamos resgatando o papel, a importância, a dimensão histórica da coluna Prestes, de todos aqueles que sonharam, tiveram a ousadia e a coragem de defender avanços significativos na história do nosso país. Viva Prestes, viva todos aqueles que sonharam com um Brasil melhor para todos”, destaca o líder do PCdoB na Câmara, deputado Márcio Jerry (MA), que lembrou do livro de sua mãe acerca da passagem da Coluna Prestes pelo Maranhão.
O deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA) destaca o legado da marcha na construção de um projeto nacional de desenvolvimento.
“Lembrar os 100 anos da Coluna é não esquecer da nossa história. Tudo isso foi feito com muita luta, muito amor e muita resistência. Representou a necessidade de construir um projeto de Brasil. Foi essa busca por justiça social que nunca se encerrou”, conclui o parlamentar.
A importância da marcha
– É um marco imprescindível para o início da queda da República Velha e auge do movimento dos jovens tenentes que buscavam um Brasil mais justo.
– Inicialmente formada por duas colunas, uma liderada por Miguel Costa, a partir de São Paulo (1924), e outra por Luís Carlos Prestes, a partir do Rio Grande do Sul (1924), os combatentes se encontraram em abril de 1925 no Paraná para seguirem, juntos, Brasil adentro. Formou-se, assim, aquela que ficou eternizada para a história como Coluna Prestes.
– A Coluna Prestes percorreu uma distância de 25 mil quilômetros, atravessando 13 estados brasileiros: do Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. Fato que fez dela uma das maiores marchas militares da história mundial. A saga terminou em 3 de fevereiro de 1927, quando Prestes se internou na Bolívia com 620 combatentes, e Siqueira Campos se abrigou no Paraguai com 65 de seus homens. Por não ter sido derrotada, apesar de duramente combatida por tropas do governo federal e dos governos estaduais ganhou a denominação de Coluna Invicta.
*Com informações da Fundação Maurício Grabois.