Mata Atlântica tem queda no desmatamento em áreas contínuas

Por outro lado, o desmatamento cresceu em encraves (ilhas) de Mata Atlântica dentro de outros biomas e em áreas de transição para outros biomas, pressionada pela fronteira agrícola

Foto: Thomas Bauer / SOS Mata Atlântica.

O desmatamento na Mata Atlântica teve redução de 27%, entre 2022 e 2023, em áreas maiores a três hectares. De acordo com o Atlas da Mata Atlântica, coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento caiu de 20.075 hectares para 14.697 nesta área contínua do bioma. Por outro lado, o desmatamento cresceu de 74.556 para 81.356 hectares em encraves (território encravado em outro) e nas transições com o Cerrado e com a Caatinga, quando analisados desmatamento em territórios menores, a partir de 0,3 hectare.

Esta dualidade significa que em áreas contínuas o desmatamento está em queda, enquanto nas partes isoladas ou em transição, está em alta. Estas regiões de transição e encraves estão localizadas principalmente nos estados do Ceará, Piauí, Goiás, Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

A área contínua monitorada pelo Atlas, superior a três hectares em florestas maduras, corresponde a somente 12,4% da Mata Atlântica.

Quando analisadas regiões em recuperação ou em estágios iniciais de desenvolvimento, a cobertura florestal é de 24%.

Leia mais: Desmatamento em terras indígenas é o menor em seis anos, aponta Imazon

Esta abrangência é medida pelo SAD Mata Atlântica, que analisa as áreas superiores a 0,3 hectare em parceria com o MapBiomas, onde o deflorestamento é equivalente a “200 campos de futebol desmatados por dia”, ressalta o SOS Mata Atlântica.

Segundo o diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, os dados revelam que há redução do desmatamento no bioma e aumento dele nos encraves localizados dentro de outros biomas.

De acordo com a Fundação, a diminuição do desmatamento ocorre “em grande parte dos 17 estados da Mata Atlântica – as exceções foram Piauí, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco.”

Já em Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que se destacam como usuais líderes de deflorestamento, houve queda de 57%, 78% e 86% nas taxas, conforme o Atlas. A tendência ainda é observada nas ilhas de Mata Atlântica (encrave) pelo SAD.

Nas regiões que o SAD identificou a derrubada de floresta, o destaque negativo é Bahia, Piauí e Mato Grosso do Sul, em transições de Cerrado e Caatinga onde se observa o avanço da fronteira agrícola.

“A redução no desmatamento na área contínua em parte da Mata Atlântica é um sinal encorajador de que as políticas de conservação e o monitoramento intensivo estão produzindo resultados positivos, assim como o que temos visto na Amazônia. Está evidente que os desafios na Caatinga e, especialmente, no Cerrado são maiores que nunca, assim como a aplicação da Lei da Mata Atlântica nas regiões de transição. Perto do Pampa, na Região Sul, a situação também é preocupante. Alguns dos municípios mais afetados pelas recentes enchentes no Rio Grande do Sul, como Muçum e São Francisco de Paula, fazem parte do bioma Mata Atlântica”, diz Guedes Pinto, no SOS Mata Atlântica.

*Edição Vermelho, Murilo da Silva.

Autor