Colômbia rompe relações diplomáticas com Israel

Relação que foi se degradando conforme a escalada do genocídio, terá reflexos importantes no acordo de livre comércio e intercâmbios culturais.

Gustavo Petro no Primeiro de Maio anunciando ruptura diplomática com Israel

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou nesta quarta-feira (1º) que seu país irá romper relações diplomáticas com Israel, em um pronunciamento realizado diante de milhares de apoiadores em Bogotá, durante um evento em comemoração ao Dia Internacional do Trabalho.

Petro, que já havia criticado duramente as ações de Israel em Gaza, destacou que a decisão de romper as relações diplomáticas representa uma mudança significativa na política externa colombiana. Mais de 34,5 mil palestinos foram mortos no conflito recente.

“Aqui, diante de vocês, o presidente da república informa que amanhã as relações diplomáticas com o Estado de Israel serão rompidas”, afirmou Petro, ressaltando a gravidade das ações perpetradas contra o povo palestino.

O governo colombiano, o primeiro de esquerda na história do país, tem criticado consistentemente as políticas e ações de Israel em relação à Palestina. Esta ruptura nas relações diplomáticas representa uma mudança de 180 graus em relação às gestões anteriores, que estabeleceram a Colômbia como principal aliada de Israel na região.

Os atritos entre Israel e a Colômbia se intensificaram nos últimos meses, com o governo colombiano suspendendo as compras de armas de Israel em resposta à morte de civis palestinos durante a ofensiva israelense em Gaza. Em mais de um momento, Petro comparou o comportamento do governo israelense com o nazismo.

Desde 2020, a Colômbia tem um Acordo de Livre Comércio com Israel, se estabelecendo como principal aliada de Israel na América do Su. A conjunção de interesses criou um triângulo estratégico com EUA e Israel. A parceria se expandiu para a “guerra global contra o terrorismo”, em que a Colômbia declarou as guerrilhas de esquerda como “organizações terroristas” e teve o apoio militar israelense para enfrentá-las. Entre 2002 e 2006, segundo dados oficiais, a importação de material militar de Israel para a Colômbia duplicou. Mas a cooperação também envolveu outras áreas além da militar, que devem sofrer os reflexos da decisão.

A decisão de romper as relações com Israel é um marco na política externa colombiana e segue o exemplo da Bolívia, que tomou uma medida semelhante em repúdio à agressiva ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.

A relação entre Brasil e Israel também enfrenta tensões, com o presidente Lula tendo comparado as ações militares israelenses em Gaza ao Holocausto. A situação se agravou quando o ministro das Relações Exteriores de Israel declarou Lula “persona non grata” no país.

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