Parlamentares vão aos EUA discutir atos golpistas e defesa da democracia
Objetivo é tratar dos desdobramentos das comissões que investigaram o 8 de janeiro de 2022 e o 6 de janeiro de 2021 e manter intercâmbio sobre o combate a práticas antidemocráticas
Publicado 29/04/2024 11:20 | Editado 30/04/2024 17:39
Um grupo de parlamentares brasileiros chega nesta segunda-feira (29) a Washington para debater com congressistas dos Estados Unidos as investigações relativas às tentativas de golpe promovidas pela extrema direita no 8 de janeiro de 2022 aqui e em 6 de janeiro de 2021 no Capitólio.
A comitiva, que fica no país até o dia 2 de maio, é liderada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) e composta, ainda, pelo senador Humberto Costa (PT-PE) e pelos deputados Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Henrique Vieira (PSOL-RJ), Rafael Brito (MDB-AL) e Rogério Correia (PT-MG). A iniciativa foi organizada pelo Instituto Vladimir Herzog, que também terá um representante na comitiva.
O objetivo do encontro é discutir os desdobramentos das comissões de inquérito de ambos os países que investigaram as respectivas investidas antidemocráticas e manter um intercâmbio de práticas parlamentares na defesa da democracia.
Eliziane presidiu a CPI dos Atos Golpistas, cujo relatório final foi entregue em outubro do ano passado. No documento, com mais 1.300 páginas, a Comissão pede o indiciamento de 61 pessoas que teriam se envolvido, direta ou indiretamente nos crimes apontados.
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Entre eles, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o general Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022 e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa; o ex-ministro e então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres; o general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional de Bolsonaro e o ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, entre outros nomes do alto comando das Forças Armadas e do governo Bolsonaro.
Um dos congressistas dos EUA com os quais o grupo vai se reunir é o deputado democrata Jamie Raskin, membro do comitê da Câmara que apurou a invasão do Capitólio. Em maio de 2023, uma reunião virtual já havia ocorrido entre os parlamentares brasileiros e Raskin. E em agosto, uma delegação estadunidense, liderada pela deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, também esteve em Brasília.
Além disso desse encontro, a viagem prevê também uma visita à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A viagem ocorre pouco depois da mais recente investida da extrema direita às instituições brasileiras, por meio dos ataques do empresário Elon Musk em sua rede social, o X, e que tiveram como alvo central o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Fortalecimento da democracia
Ao jornal Folha de S.Paulo, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) destacou que “a ideia agora é fazer um debate aprofundado, que pode levar a bons resultados em relação ao fortalecimento da democracia e o combate às fake news”.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também falou sobre a visita, pelas redes sociais. “Juntos, pretendemos iniciar uma frente internacional em defesa da democracia e organizar o enfrentamento à extrema-direita. Temos agendas marcadas com Jamie Raskin, que presidiu a CPI norte-americana, com o democrata Bernie Sanders, a Comissão de Direitos Humanos da OEA e movimentos sociais. Esperamos retornar com uma construção sólida para combater com mais solidez as investidas da extrema-direita”, declarou.
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O senador Humberto Costa (PT-PE) explicou, ao jornal Folha de Pernambuco, que “a gente vê um movimento orquestrado com o propósito de minar a democracia. Há uma proliferação inacreditável de desinformação e ataques em massa aos países democráticos e às suas instituições. É preciso que possamos ampliar o diálogo para resistir à ofensiva dos extremistas e fortalecer a democracia no mundo”.
Conforme apontou o deputado Henrique Vieira (PSol-RJ), “a proposta partiu do deputado democrata Jamie Raskin, presidente da comissão que investigou o ataque ao Capitólio, em 2021, quando extremistas tentaram impedir a diplomação do presidente eleito Joe Biden. Qualquer semelhança com 8 de janeiro no Brasil não é mera coincidência”.
Com agências