Líderes aliados dos EUA indicam acreditar em possível vitória de Trump

Mais: China lançará nave espacial tripulada Shenzhou / EUA – Os direitos humanos e o moralista sem moral / Sánchez, presidente do Governo espanhol, diz que pode renunciar.

Pesquisas divulgadas no dia 19/4 mostram que o ex-presidente dos Estados Unidos e virtual candidato republicano, Donald Trump, aparece à frente do atual presidente, o democrata Joe Biden, nas sondagens de intenção de voto realizadas nos estados-chave da Geórgia e do Michigan. Porém, apesar de ser prematuro arriscar qualquer palpite em uma eleição que, tudo indica, será acirrada, líderes aliados dos EUA já trabalham em torno do cenário “Trump 2.0” e se movimentam para antecipar posições, revela uma reportagem da agência Reuters publicada nesta quarta-feira (24). A agência de notícias informa que não são apenas os parceiros de extrema-direita de Trump que se aproximam explicitamente do ex-presidente, como o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, e o presidente da Polônia, Andrzej Duda, que recentemente se encontraram com Trump. O ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, esteve com Trump na Flórida em um jantar privado no início de abril, que incluiu a embaixadora britânica nos EUA, Karen Pierce. Note-se que Cameron (ex-primeiro-ministro inglês) esteve com Trump antes de seu encontro oficial, no dia 9 de abril, com o Secretário de Estado, Antony Blinken. O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, telefonou para Trump no mesmo período.

Líderes aliados dos EUA indicam acreditar em possível vitória de Trump – II

Reuters cita outras movimentações, no mesmo sentido, de representantes formais e informais de governos da Alemanha, do Japão e da Austrália. Até mesmo o México, cuja liderança não é alinhada aos EUA, entrou na roda, segundo a Reuters, e a candidata favorita nas eleições presidenciais de junho, Claudia Sheinbaum, que tem o apoio do presidente Lopez Obrador, cogita – caso de fato vença as eleições e assuma o posto em outubro (portanto, antes das eleições dos EUA) – nomear Marcelo Ebrard como Ministro das Relações Exteriores, pois Ebrard serviu como embaixador do México no governo Trump e ficou conhecido por ter conseguido estabelecer um bom diálogo com o ex-presidente, apesar das divergências. Com Biden cada vez mais desgastado em parte significativa da base progressista e popular que foi decisiva em sua eleição anterior – entre outras coisas pelo apoio ao genocídio contra o povo palestino – as chances de Trump de fato aumentam. Além disso, devemos levar em conta que todas essas lideranças e governos citados pela Reuters têm por trás departamentos estatais de inteligência, muitas vezes mais eficientes do que as próprias pesquisas de opinião dos veículos midiáticos, o que justificaria, em nome de interesses pragmáticos diretos, esses gestos em direção a Trump, geralmente inusuais do ponto de vista diplomático.

China lançará nave espacial tripulada Shenzhou nesta quinta-feira

A agência Xinhua informa que a nave espacial tripulada Shenzhou-18 está programada para ser lançada às 20h59 desta quinta-feira (09h59, horário de Brasília), do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no noroeste da China, anunciou a Agência Espacial Tripulada da China (CMSA, sigla em inglês) nesta quarta-feira. A nave espacial levará três astronautas – Ye Guangfu (comandante), Li Cong e Li Guangsu. Shenzhou-18 é a 32ª missão de voo do programa espacial tripulado da China, e a terceira missão tripulada durante a fase de aplicação e desenvolvimento da estação espacial da China. A tripulação permanecerá em órbita por cerca de seis meses e está programada para retornar ao local de pouso de Dongfeng, na Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China, no final de outubro deste ano. O lançamento usará um foguete transportador Longa Marcha-2F. Os três astronautas reuniram-se com a imprensa nesta quarta-feira.

EUA: Os direitos humanos e o moralista sem moral

Todos conhecemos a definição do “falso moralista”: é aquele que vive ditando o que os outros supostamente deveriam fazer em nome de regras que ele mesmo jamais segue. Na última segunda-feira (22), o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, apresentou o relatório anual do Departamento de Estado dos EUA sobre os direitos humanos. Foi mais do mesmo contra os alvos de sempre. Ele instou inclusive, a desmoralizada OEA, a “exigir” que Venezuela, Nicarágua e Cuba “respeitem os direitos humanos”. O jornalista Elson Concepción Pérez, escreveu, no jornal cubano Granma desta quarta-feira: “Talvez um dia, quando não houver veto americano no Conselho de Segurança da ONU, e quando a própria organização exigir moralidade e exemplo daqueles que se propuseram a julgar os habitantes do planeta Terra, a questão dos direitos humanos deixará de ser um instrumento do império para justificar as suas próprias violações”. E continuou: “A atribuição que o Governo dos EUA se propõe (de paladino dos direitos humanos) é tão aberrante que não parece que eles próprios acreditem nas mentiras e manipulações que, valendo-se da questão, querem aplicar contra outros países”. Certeiro. Como certeiro igualmente foi a publicação do Chanceler cubano Bruno Rodríguez, sobre o mesmo tema, na rede social X: “Ao Secretário de Estado dos EUA não preocupam os Direitos Humanos, nem os do povo de Cuba, que são violados com medidas de asfixia e bloqueio extremo, nem os do povo palestino massacrado. Preocupam-lhe os direitos dos fabricantes de armamento e seus objetivos de dominação e saque”.

Sánchez, presidente do Governo espanhol, diz que pode renunciar

Begoña Gómez, esposa de Pedro Sánchez e possível pivô de uma renúncia

A agência EFE informa, nesta quarta-feira, que o presidente do Governo da Espanha (primeiro-ministro), Pedro Sánchez, decidiu cancelar por alguns dias sua agenda pública para refletir se renunciará ou não ao cargo de chefe do Executivo e comunicará sua decisão na próxima segunda-feira, 29 de abril. O fato ocorre após a divulgação de denúncia de tráfico de influência contra sua esposa, Begoña Gómez. A denúncia foi feita pelo Grupo de extrema-direita “Mãos Limpas” (que tem o mesmo nome de uma operação da década de 1990, de combate à corrupção). O líder do Grupo, ​Miguel Bernad, foi preso em 2016 acusado de extorsão e fraude. Entre as bandeiras da organização, supostamente dedicada ao combate à corrupção, está a luta contra o casamento gay. Pedro Sánchez lamenta o ataque “sem precedentes” contra a sua esposa e questiona se vale a pena continuar a suportar esta situação. Uma pergunta à qual ele responde garantindo que não sabe e, por isso, ressalta que precisa “parar e refletir” com a companheira. “Preciso urgentemente responder à questão de saber se vale a pena, apesar da lama em que a direita e a extrema-direita tentam transformar a política, se devo continuar à frente do Governo ou abrir mão desta grande honra”, acrescentou Sánchez, segundo a agência EFE. O mandatário frisou ainda que “apesar da caricatura” que a direita política e midiática aliada à extrema direita tentaram fazer dele, nunca esteve apegado ao cargo, mas sim ao dever, ao compromisso político e ao serviço público. A denúncia e a gravidade dos ataques que ele e sua esposa sofrem, diz, merecem uma resposta calma. Sanchéz recorda que a denúncia contra Begoña Gómez foi apresentada pela “organização de extrema direita chamada Mãos Limpas” e garantiu que sua esposa defenderá sua honra e colaborará com a Justiça em tudo o que for necessário para esclarecer “acontecimentos que são tão escandalosos quanto inexistentes.”

Diversos trechos de Os Sertões, de Euclides da Cunha, revelam a nefasta influência de teorias racistas sobre o autor. Contudo, intelectual brilhante, aos poucos ele se apaixona pelo sertanejo (“antes de tudo um forte”), que descreve com seu estilo impecável:

Perfeita tradução moral dos agentes físicos de sua terra, o sertanejo do Norte teve uma árdua aprendizagem de revezes. Afez-se, cedo, a encontrá-los, de chofre, e a reagir, de pronto. Atravessa a vida entre ciladas, surpresas repentinas de uma natureza incomensurável, e não perde um minuto de tréguas. É o batalhador perenemente combalido e exausto, perenemente audacioso e forte; preparando-se sempre para um recontro que não vence e em que não se deixa vencer; passando da máxima quietude à máxima agitação; da rede preguiçosa e cômoda para o lombilho duro, que o arrebata como um raio pelos arrastadores estreitos, em busca das malhadas. Reflete, nestas aparências que se contrabatem, a própria natureza que o rodeia – passiva ante o jogo dos elementos e passando, sem transição sensível, de uma estação à outra, da maior exuberância à penúria dos desertos incendidos, sob o reverberar dos estios abrasantes (…) (em comparação com o gaúcho) o jagunço é menos teatralmente heroico; é mais tenaz; é mais resistente; é mais perigoso; é mais forte; é mais duro”.

Euclides da Cunha, em Os Sertões

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