Governo Lula busca acordo no G20 para taxar grandes fortunas

“Se a gente conseguir consenso até o final do ano em torno disso, é coisa tão extraordinária, é coisa histórica”, diz Fernando Haddad

Foto: Diogo Zacarias/MF

A proposta de taxação das grandes fortunas está ganhando “força global”, diz o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em Washington, onde participou de jantar de ministros do G20, Haddad afirmou que o governo Lula quer que o bloco aprove um acordo de cooperação internacional até novembro – mês em que o Rio de Janeiro receberá o Rio receberá a cúpula do grupo.

“Se a gente conseguir consenso até o final do ano em torno disso, é coisa tão extraordinária, é coisa histórica”, disse o ministro a jornalistas. Segundo ele, a ideia é destinar recursos desse imposto para causas como o combate à pobreza e às mudanças climáticas. As declarações foram dadas na noite desta quarta-feira (17), em pronunciamento de Haddad e do ministro das Finanças da França, Bruno Le Maire.

O G20 reúne as 19 maiores economias do mundo, a União Africana e a União Europeia. Para Haddad, dentro do bloco, “as conversas sobre tributação estão explorando formas inovadoras de fazer com que super-ricos paguem sua justa cota de impostos, contribuindo, assim, para ampliar o espaço fiscal adicional para a implementação de políticas públicas contra a fome e a pobreza”.

No jantar desta quarta, representantes do grupo receberam Esther Duflo, Prêmio Nobel de Economia e notória defensora da taxação de grandes fortunas. Em sua opinião, se os super-ricos no mundo pagarem 2% a mais de imposto de renda por ano, a arrecadação global será de US$ 250 bilhões – ou mais de R$ 1,3 trilhão.

Atual presidente do G20, o Brasil também convidou o economista Gabriel Zucman, do Observatório Europeu Fiscal, para subsidiar um relatório sobre a taxação dos super-ricos. O texto deve ser apresentado em julho, na próxima reunião de Finanças do G20 em julho.

O tom de Haddad é de otimismo, conforme garantiu à imprensa em Washington: “Podemos em julho e depois em novembro soltar um comunicado político com um consentimento dos 20 países membros dizendo que, sim, essa proposta precisa ser analisada, tem procedência. E que vale a pena, ao longo de três ou quatro anos, nos debruçarmos sobre ela para ver sobre o que nós estamos falando”.

Mesmo assim, o ministro pondera que a coesão entre membros do G20 é fundamental. “Se algum país achar que vão resolver esse tipo de injustiça sozinhos, ele vai ser prejudicado por uma espécie de guerra fiscal que existe entre os Estados nacionais. Nós vemos com muita dificuldade a ideia de um tributo justo sobre os super-ricos alcançar os seus objetivos só no plano doméstico”, concluiu Haddad.

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