Professores de universidades federais iniciam greve nesta segunda, 15

Mobilização exige um reajuste salarial de 22% e a revisão de medidas que impactam a carreira e os direitos dos docentes.

Sala de aula na UFPR | Foto: André Filgueira_Divulgação UFPR

Professores de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais das cinco regiões do país anunciaram que entrarão em greve a partir desta segunda-feira (15). A decisão segue a demanda por um reajuste salarial de 22%, proposto para ser dividido em três parcelas anuais de 7,06%, com a primeira parcela prevista para este ano e as subsequentes para 2025 e 2026.

A greve, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), também busca a reestruturação da carreira docente e o revogamento de medidas que consideram restritivas, implementadas nos últimos anos, que afetam direitos previdenciários e a liberdade de greve.

Gustavo Seferian, presidente da Andes e professor de direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou a urgência de investimentos públicos nas instituições federais de educação, especialmente após a redução desses investimentos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). “Necessitamos de uma reorganização da carreira dos professores e de se ter um grande revogaço de medidas restritivas de direitos, de caráter regressivo, que foram implementados nos últimos anos”, afirmou Seferian.

O governo propôs que não haverá reajuste salarial em 2024, mas sugeriu o aumento de benefícios e auxílios aos funcionários públicos, com destaque para o auxílio-alimentação, que teria um aumento de 52%, passando de R$ 658 para R$ 1.000. Além disso, os valores do auxílio-creche e do auxílio-saúde seriam reajustados em 51%. Segundo o Ministério de Gestão e Inovação, “apenas o aumento do auxílio-alimentação resultaria em ganho de renda de mais de 4,5% para mais de 200 mil servidores ativos – que são os que ganham até R$ 9 mil mensais”.

Leia também: Servidores ampliam greve que já atinge institutos federais

O Ministério da Educação (MEC), por sua parte, informou que continua participando ativamente das negociações com os representantes dos docentes e técnicos, através das mesas de negociação nacionais e setoriais estabelecidas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). “O MEC vem enviando todos os esforços para buscar alternativas de valorização dos servidores da educação, atento ao diálogo franco e respeitoso com as categorias. No ano passado, o governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores”, declarou o MEC.

Ademais, o governo ofereceu dois reajustes salariais de 4,5% para 2025 e 2026, que, segundo a pasta, somados aos 9% já concedidos anteriormente, representariam uma recomposição salarial de 19%, acima da inflação projetada para o período. Essa proposta foi rejeitada pelo sindicato, que insiste em um reajuste já em 2024.

Até o momento, três instituições já paralisaram as atividades e, na segunda-feira, outras 17 entrarão em greve. Além disso, cinco instituições anunciaram indicativos de greve e outras oito estão em estado de alerta.

A greve de professores segue o exemplo de movimentos anteriores de servidores técnico-administrativos em educação, que começaram em 11 de março com a participação de trabalhadores de 50 universidades e quatro institutos, também demandando a reestruturação do plano de carreira e recomposição salarial.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), que representa os dirigentes de 69 universidades e os dois centros de educação tecnológica, reforçou que “a greve é um direito constitucional garantido aos trabalhadores e as seções sindicais e os servidores têm autonomia para deliberar quanto à participação no movimento”.

Confira a lista de universidades em que os professores já estão ou podem entrar em greve:

Greve aprovada para 15/04:

  • Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG);
  • Instituto Federal do Piauí (IFPI);
  • Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB);
  • Universidade Federal de Brasília (UnB)
  • Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
  • Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
  • Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
  • Universidade Federal de Viçosa (UFV)
  • Universidade Federal do Cariri (UFCA)
  • Universidade Federal do Ceará (UFC)
  • Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
  • Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
  • Universidade Federal do Pará (UFPA)
  • Universidade Federal do Paraná (UFPR)
  • Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
  • Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)
  • Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)

Com deflagração/indicativo de greve após 15/4

  • Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ)
  • Instituto federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – campi Alvorada, Canoas, Osório, Porto Alegre, Restinga, Rolante e Viamão;
  • Universidade Federal de Sergipe (UFS);
  • Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
  • Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)

Com indicativo/construção de greve aprovada sem data de deflagração

  • Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
  • Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
  • Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
  • Universidade Federal do Piauí (UFPI)
  • Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
  • Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
  • Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)

Em estado de greve

  • Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
  • Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
  • Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
  • Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
  • Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
  • Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
  • Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
  • Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

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com informações de agências

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