Netanyahu se prepara para ampliar a guerra no Oriente Médio
Escalada de violência israelense ameaça jogar a região em um conflito mais sangrento, após ataque em embaixada do Irã em Damasco, na Síria. Ocidente reage pró-Israel
Publicado 12/04/2024 15:36 | Editado 12/04/2024 18:13
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu escalou a guerra local com o Hamas e o povo palestino, para um conflito regional com o Iran e outras potências do Oriente Médio. Agora, a coligação de extrema-direita e fundamentalista, liderada pelo premiê, inicia os preparativos militares e diplomáticos para uma ofensiva de longa escala na região.
“Estamos no meio da guerra em Gaza, que continua com força total, mesmo enquanto continuamos os nossos esforços incansáveis para devolver os nossos reféns. No entanto, também estamos preparados para cenários que envolvem desafios noutros setores”, disse Netanyahu, sinalizando a preparação.
Israel está “em alerta e altamente preparado para vários cenários, e estamos constantemente avaliando a situação”, disse o porta-voz da IDF, contra-almirante Daniel Hagari, em uma entrevista coletiva.
No último domingo, o exército israelense retirou as tropas invasoras da cidade de Khan Younis, no centro da Faixa de Gaza. A extrema-direita e os ultraortodoxos acusaram Netanyahu de ceder à pressão sobre o governo para chegar a um acordo de cessar-fogo com o Hamas.
Em resposta a pressão da ala mais radical do governo, um ataque aéreo coordenado pelas Forças Armadas e agência de segurança de Israel matou nesta quarta (10) três filhos e quatro netos do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh.
Netanyahu e o ministro da Defesa Yoav Gallant fizeram vazar na imprensa local, através da agência de notícias Walla, que a execução do bombardeio não foi avisada para a cúpula do governo com antecedência.
A manobra de comunicação de Netanyahu ocorre após os Estados Unidos, de forma cínica, mudarem sua postura diante do conflito por causa da pressão eleitoral interna e iniciar uma ofensiva retórica contra o governo de extrema-direita.
O movimento de retirada de tropas israelenses de Khan Younis, no entanto, é visto também como uma reorganização operacional das forças armadas para o que pode estar por vir, já que Tel Aviv aguarda a vingança iraniana pela morte do comandante sênior da Guarda Revolucionária do Irã, Mohammad Reza Zahedi.
Desde então, potências ocidentais em conjunto com Israel se organizam com o corpo diplomático dos seus respectivos países, em um movimento para dissuadir Teerã da vingança.
“A nossa relação estratégica com as forças armadas dos EUA é forte e estreita”, disse o porta-voz da IDF à imprensa. “Um ataque a partir do território iraniano seria uma prova clara das intenções iranianas de agravar a situação no Médio Oriente e de parar de se esconder”, afirmou Hagari.
A declaração foi vista como uma tentativa de dissimular as responsabilidades de Tel Aviv no crime de guerra perpetrado contra o consulado do Irã, em Damasco.
Ao secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin, na noite desta quinta (11), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, enfatizou que Israel não tolerará um ataque iraniano ao seu território. A situação na região caminha para um impasse maior, uma vez que uma retaliação do Irã devido a agressão ao consulado é visto como certa.
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