Manutenção da prisão de Brazão é derrota dos bolsonaristas

No PL, partido de Bolsonaro, 71 deputados votaram para libertar o parlamentar acusado de ser o mandante da morte de Marielle e Anderson Gomes

Deputados comemoram manutenção da prisão de Brazão (Foto: Zeca Ribeiro/CâmaradosDeputados)

Os deputados bolsonaristas na Câmara dos Deputados apostaram todas as fichas que conseguiriam livrar da prisão o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), mas foram derrotados duplamente.

Nesta quarta-feira (10), foram 277 votos contra 129 no plenário da Casa pela manutenção da prisão do parlamentar, principal acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes, em 2018.

No PL, partido de Bolsonaro, 71 deputados votaram para libertar Brazão, 5 se abstiveram e 7 foram pela continuidade da prisão, sendo a sigla que mais deu votos favoráveis ao parlamentar, seguida de outros partidos do centro como União (22), PP (10) e Republicanos (8).

Estavam no front de batalha usando malabarismo jurídico nomes como Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Carlos Jordy (PL-RJ), Alexandre Ramagem (PL-RJ), Júlia Zanatta (PL-SC) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

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Eduardo, por sua vez, enviou da Europa um vídeo pedindo votos para livrar o colega da prisão. Bolsonaro, o pai, participou ativamente da operação e ainda retransmitiu a publicação do filho na rede social.

Os deputados de extrema direita também perderam no discurso. Eles sempre usaram o bordão “bandido bom é bandido morto” que, num evento em 2016, foi propagado pelo então deputado Bolsonaro que dizia que polícia servia para matar. A frase perde efeito quando o bandido é um aliado.

Ou seja, a estratégia bolsonarista de derrotar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e toda a primeira turma da corte que fez a solicitação da manutenção da prisão à Câmara, também pode ter um preço a ser cobrado nas eleições municipais.

Antes da votação no plenário, líderes analisavam que a prisão seria mantida pela gravidade do crime e pelo fato de o voto ser aberto, isto é, haverá pressão popular contra qualquer movimento corporativista.

Não à toa o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, junto com outros caciques do partido, apostam no desgaste político por causa da votação favorável a um deputado ligado a milícia, o que pode atrapalhar a sigla na disputa municipal no Rio de Janeiro.

Repercussão

Para a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o resultado da votação confirmou duas coisas: a prisão preventiva de Chiquinho Brazão e que o bolsonarismo sempre se alia ao crime.

“Mas nem com o apoio do bilionário do foguete Elon Musk tiveram sucesso na manobra. Mais uma vez, foram derrotados!”, diz a parlamentar.

“Deputado que vota para liberar quem está apontado como mandante da execução de Marielle está contribuindo com a impunidade do crime, não respeita a vida, seus filhos, nem o mandato que ocupa. Ela também era mãe e era parlamentar”, lembra a deputada Maria do Rosário (PT-RS).

“Tem gente, a extrema direita, defendendo bandido e querendo sustentar os tentáculos das milícias no parlamento. Nós estamos em luta por justiça para Marielle e Anderson!”, festeja a deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), do mesmo partido de Marielle.

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