Brasil diminui desmatamento; desafios globais persistem
Com redução de 36% no desmatamento no Brasil e 49% na Colômbia, a luta global enfrenta perda de 3,7 milhões de hectares de florestas tropicais
Publicado 07/04/2024 09:32 | Editado 08/04/2024 10:40

Em meio à luta global contra o desmatamento, o Brasil e a Colômbia emergem como exemplos de progresso significativo, mostrando que, apesar dos desafios, é possível reverter a maré da destruição ambiental. No entanto, enquanto esses países sul-americanos celebram avanços, outros territórios enfrentam dificuldades, neutralizando o progresso alcançado.
Conquistas na preservação florestal
Dados recentes da plataforma Global Forest Watch (GFW), que monitora o desmatamento de florestas em tempo real por meio de imagens de satélite, mostram que os esforços de conservação na Amazônia brasileira e nas florestas colombianas marcaram 2023 como um ano de esperança.
No Brasil, a redução de 36% na taxa de desmatamento (a mais baixa desde 2015) reflete um comprometimento renovado com a proteção ambiental, atribuído em parte à mudança de liderança governamental e ao comprometimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Promessas de demarcação de terras indígenas e a revogação de políticas contrárias à conservação são passos concretos nessa direção.
A Colômbia, seguindo um caminho semelhante, também deu passos ousados ao declarar o fim da exploração de petróleo, contribuindo para a redução de 49% na perda de floresta primária em comparação com 2022. Sob administração de Gustavo Petro, essas iniciativas, embora distintas, compartilham um denominador comum: a prova de que políticas assertivas podem e devem reverter o desmatamento.
Desafios persistem em outros cantos do mundo
Contrastando com os avanços dos dois países sul-americanos, o cenário global de desmatamento em 2023 manteve-se elevado, com uma perda total de 3,7 milhões de hectares de florestas tropicais primárias – o equivalente a perder quase 10 campos de futebol de floresta por minuto. Países como Bolívia, Laos e Nicarágua experimentaram aumentos preocupantes nas taxas de desmatamento, colocando em risco não apenas suas biodiversidades locais, mas também contribuindo negativamente para o equilíbrio ambiental global. A Bolívia, por exemplo, viu um salto de 27% na perda de floresta primária, destacando-se desfavoravelmente no cenário tropical.

O Canadá e a Indonésia também enfrentam seus próprios desafios, com incêndios devastadores e o impacto do fenômeno El Niño, respectivamente, exacerbando a perda de cobertura florestal. Esses eventos ressaltam a complexidade do desafio global do desmatamento, que vai além das fronteiras geográficas e climáticas.
Divulgada nesta quinta-feira (4), a análise feita pelo Laboratório de Análise e Descoberta de Terras Globais (Glad) da Universidade de Maryland, com base na plataforma GFW do World Resources Institute (WRI), ONG ambientalista fundada nos EUA, alerta que apesar dos progressos pontuais, o mundo está longe de atender às metas estabelecidas pela Declaração dos Líderes de Glasgow. Com a perda contínua de 3 a 4 milhões de hectares de floresta tropical por ano, o prazo de 2030 para a reversão significativa do desmatamento parece cada vez mais distante.
Um chamado ao compromisso global
Os esforços do Brasil e da Colômbia na luta para manter as florestas em pé, embora louváveis, não podem compensar o retrocesso observado em outras nações. A necessidade de uma ação global coordenada é mais urgente do que nunca, pois, para alcançar a meta acordada por líderes de 145 países, serão necessários incentivos duradouros, mecanismos financeiros inovadores e investimentos em bioeconomia.
A proteção das florestas não é apenas uma questão de conservação, mas uma necessidade crítica para combater a mudança climática, preservar a biodiversidade e garantir meios de subsistência sustentáveis para comunidades locais.
Mikaela Weisse, diretora do GFW, sintetiza a situação atual com precisão: “O mundo deu dois passos para frente e dois para trás.” Esse equilíbrio precário entre progresso e retrocesso destaca a importância de não apenas celebrar as vitórias, mas também reconhecer e abordar os desafios que persistem.
Enquanto o Brasil e a Colômbia trilham o caminho para um futuro mais verde, é essencial que outras nações sigam seu exemplo, reconhecendo que o combate ao desmatamento é uma responsabilidade compartilhada, que requer esforços conjuntos e persistentes.
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com agências e Global Forest Watch