Seis meses de guerra: Sob pressão, Israel reduz tropas no sul de Gaza
Ações internacionais e resoluções da ONU tem pressionado governo Netanyahu. Exército israelense retirou tropas de Khan Yunis, mas mantém brigada
Publicado 07/04/2024 14:32 | Editado 08/04/2024 10:09
Depois de deixar o sul de Gaza em ruínas, o Exército de Israel iniciou a retirada de suas tropas da região. A medida foi anunciada neste domingo (7), pelas Forças de Defesa de Israel em comunicado enviado à imprensa. A ação ocorre na data em que a guerra completa seis meses e depois de forte pressão internacional com resoluções aprovadas no Conselho de Segurança e no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Os Estados Unidos, outrora grande apoiador do governo de extrema-direita israelense, agora tem se posicionado pelo cessar-fogo.
O temor da comunidade internacional é de um avanço sobre Rafah, onde a maioria dos palestinos se abrigou após os bombardeios israelenses. Em 15 de março, Israel aprovou um plano para invadir a cidade que tem servido como refúgio para 1,5 milhão de civis. Até a agora o ataque, sob alegação de eliminar o Hamas, não foi concretizado.
Com a retida das tropas de Khan Yunis, diversas famílias tem voltado para a cidade deixada em escombros, conforme apontam agências internacionais de notícias. Somente uma base militar permanecerá no sul do território.
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Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), mais de 88 mil construções em Gaza foram destruídas ou danificadas.
No comunicado do Exército é colocado que 98ª Divisão de Comando das Forças de Defesa de Israel concluiu a sua missão em Khan Yunis e deixa a Faixa de Gaza “para se recuperar e se preparar para operações futuras”.
Apesar dessa retirada, as tropas que permanecem, da 162ª Divisão e da Brigada Nahal, continuarão na ‘barreira’ entre o sul e norte de Gaza.
Seis meses de guerra
O conflito iniciado em 7 de outubro de 2023 completou seis meses. Com ataque inicial pelo Hamas que fez 1200 vítimas e centenas de reféns, Israel respondeu de forma desproporcional e devastou o território de Gaza, deixando um rastro de mais de 33 mil palestinos mortos – na maioria mulheres e crianças.
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Até o momento houve somente um período de pausa no conflito para a troca de reféns. Enquanto 133 pessoas ainda estão com o Hamas, a quantidade de reféns e prisioneiros palestinos em Israel ultrapassa de 7 mil, segundo a Addameer – organização não governamental palestina, com sede em Ramallah.
Negociações
Neste domingo as negociações para um cessar-fogo permanente serão retomadas no Cairo, capital do Egito. Além da diplomacia egípcia estão envolvidos representantes do Qatar, Estados Unidos e Israel. O Hamas também enviou representantes para pedir o fim da ofensiva contra o território palestino.
Apesar da tentativa de construção de um acordo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse antes de reunião com seus ministros que não negocia trégua sem a libertação total de reféns pelo Hamas.
Na última semana, milhares de israelenses se manifestaram em frente do Knesset, o Parlamento de Israel, em Jerusalém, contra a coalizão de extrema-direita liderada por Netanyahu. Entre as principais exigências, além da renúncia dos atuais governantes, o pedido pelo cessar-fogo e de um acordo com o Hamas para a libertação dos reféns.
*Com informações de AFP e Reuters