USP projeta Brasil com mais médicos por habitante que EUA e China

Projeção mostra que país terá três médicos para cada mil habitantes em 2025; distribuição precisa alcançar locais mais pobres

Foto: Karina Zambrana/MS

Um estudo da USP (Universidade de São Paulo) indica que no próximo ano o Brasil terá 3 médicos para cada mil habitantes. A estimativa aponta para 635.706 mil médicos em 2025, profissionais que irão superar em proporção à população países como Estados Unidos (2,7 médicos), Canadá (2,8), Japão (2,6) e China (2,5).

Os números são do estudo Demografia Médica no Brasil, liderado pelo professor da USP, Mario Scheffer. Para se levar em conta esta projeção, consta a autorização do MEC (Ministério da Educação) para a criação de mais 5700 vagas em 95 cursos somadas às vagas já existentes.

Ao final de 2024, o estudo prevê 597.428 médicos para uma estimativa de 205 milhões de habitantes, de acordo com o IBGE. Caso o ritmo atual de formandos permaneça, o Brasil terá um milhão de médicos no ano de 2035.

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Apesar do grande número ocasionado por cursos abertos, o país ainda padece de falta de atendimento em locais mais distantes do chamado “Brasil profundo”. Nestas localidades, somente ações como o Mais Médicos, potencializado pelo governo Lula 3, permite que o atendimento médico alcance os locais mais distantes, diminuindo a diferença em relação aos grandes centros.

E mesmo com muitos médicos formados, o que se tem visto em grandes cidades são Unidades Básicas de Saúdes (UBS), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Hospitais com falta de médicos em seus quadros por ineficiência das gestões locais, o que acarreta enormes filas para atendimento e exames, como as que tem ocorrido na cidade de São Paulo sob a gestão Ricardo Nunes (MDB) este ano.

Outro aspecto que o líder da pesquisa, Mario Scheffer, chama a atenção, é para a qualidades dos profissionais que adentram o mercado. Ao jornal Folha de S.Paulo, o pesquisador fala que agora, mais do que abrir novas vagas em cursos, o momento é de investir em planejamento e em formas de garantir que os profissionais sejam valorizados, ou seja, atraídos para as regiões com vazios de atendimento.

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O descompasso para a atuação já é visto logo na formação, pois todos os anos chegam ao mercado de trabalho mais de 40 mil profissionais, enquanto as vagas em residência são a metade disso. Ou seja, a formação de especialistas fica comprometida.

No entanto, apesar das ponderações é fundamental que a sociedade esteja alerta para o posicionamento de associações e grupos médicos contrários à expansão de vagas como forma de reserva de mercado, enquanto o sentido de ampliação deve ser o da universalização do atendimento.

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O alerta não é à toa, visto que em 2013 médicos brasileiros hostilizaram médicos cubanos que vieram prestar serviço pelo Mais Médicos em vagas não ocupadas pelos os que aqui estavam e não se dispuseram assumi-las, mas tiveram coragem de ir a um aeroporto vaiar quem veio atender os mais pobres.

Ao longo dos anos as hostilidades não arrefeceram, mesmo com os excelentes resultados apresentados pelos médicos estrangeiros e pela ampla aceitação das camadas populares da sociedade.

Já sob Bolsonaro, os médicos cubanos deixaram o programa em 2018 após nova onda de hostilidade ideológica – agora promovida pelo então presidente – que atingiu em cheio o próprio país e se refletiu em falta de profissionais durante a pandemia de covid-19, em 2020.