CTB vai priorizar candidaturas sindicalistas nas eleições municipais  

Para a entidade, o êxito das forças democráticas e progressistas nas próximas eleições fortalecerá a luta por transformações sociais e políticas mais profundas no país

Foto: CTB

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) aprovou nesta quinta-feira (21), em Salvador (BA), a “Carta da Bahia” que aponta os desafios do sindicalismo classista num cenário de crise global do capitalismo e uma resolução sobre as eleições municipais.

No documento, a Central destaca a importância das eleições municipais e orienta os sindicatos a concentrar esforços pela eleição de candidatos e candidatas comprometidas com as causas da classe trabalhadores e os interesses e anseios do povo brasileiro.

“Devemos estimular o lançamento de candidaturas vinculadas ao sindicalismo classista, principalmente de lideranças oriundas do movimento sindical e comprometidas com a defesa dos interesses e das causas e lutas da nossa classe trabalhadora”, diz um trecho da carta.

Para a entidade, o êxito das forças democráticas e progressistas nas próximas eleições “fortalecerá a luta por transformações sociais e políticas mais profundas, em defesa de um novo projeto nacional de desenvolvimento com valorização do trabalho, contra o capitalismo e pelo socialismo”.

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Portanto, as eleições municipais deste ano assumem uma “importância extraordinária para a classe trabalhadora e as forças democráticas e progressistas do nosso país.”

Sendo assim, o pleito será decisivo na definição da correlação de forças políticas e nas batalhas futuras contra a direita e a extrema direita.

“Constitui, por esta razão, o principal desafio do sindicalismo classista em 2024 e deve ser o centro das preocupações e ações da militância da CTB. Eleger prefeitos e bancadas de vereadores afinadas com o pensamento progressista e comprometidas com a defesa dos direitos e interesses do povo trabalhador”, diz a Central.

Nessa batalha, a entidade considera crucial desmascarar, isolar e derrotar o bolsonarismo e a extrema direita, procurando construir e consolidar uma ampla frente social e política em defesa da democracia.

“A campanha eleitoral é sempre um momento político fértil, de agitação e mobilização social, exigindo maior aproximação das lideranças com as bases, o que propicia e estimula o debate dos programas e a conscientização política da classe trabalhadora”, considera.

A CTB também orienta que o momento é de discutir e elaborar projetos classistas para as eleições municipais alinhados com as necessidades e os interesses do povo e tendo por norte o desenvolvimento sustentável dos municípios e do Brasil.

“É também indispensável conscientizar os trabalhadores e trabalhadoras sobre os riscos representados pela extrema direita para os direitos sociais, a democracia e a soberania nacional. O combate às Fake News, presentes nos discursos neofascistas e que devem proliferar ainda mais durante a campanha eleitoral deste ano, deve ser intensificado”, argumenta.

Conjuntura

Numa análise da conjuntura atual, a entidade observa que os trabalhadores estão diante de uma crise geral do capitalismo, do meio ambiente e sob ameaça de uma 3º Guerra Mundial.

Como resposta a essa situação, o capitalismo avança contra os direitos dos trabalhadores e o movimento sindical.

Por sua vez, cresce de forma escandalosa a concentração da renda, sendo dois terços de todas as novas riquezas geradas no mundo, nos últimos dois anos, acumulados por 1% da população (Oxfam). A corrida armamentista levou a gastos militares globais, em 2023, a US$ 2,2 trilhões.

Nesse contexto, presencia-se o avanço da extrema direita com figuras patéticas como Bolsonaro, no Brasil, e Milei, na Argentina.

No Brasil, de acordo com a entidade, o governo Lula procura reverter os retrocessos impostos ao país desde o golpe de 2016, mas esbarra em interesses poderosos.

Entre eles, a política monetária do Banco Central que “conspira abertamente contra a recuperação da economia.”

 “No plano político, a composição conservadora do Congresso Nacional, com a extrema direita presidindo comissões estratégicas na Câmara dos Deputados, é outra fonte de dificuldades”, aponta.

São Paulo (SP), 21/03/2023 – Centrais Sindicais protestam contra juros altos em frente ao prédio do Banco Central, na Avenida Paulista. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Para a Central, é preciso intensificar a luta em torno de bandeiras históricas dos trabalhadores e dos movimentos sociais como a reforma agrária, a redução da jornada para 35 horas semanais sem redução de salários.

“É preciso confrontar os interesses da oligarquia financeira e dos rentistas e questionar os gastos ilegítimos com o serviço e a rolagem da dívida pública, que consomem 50% do Orçamento da União subtraindo verbas que poderiam ser investidas na saúde, educação, infraestrutura e desenvolvimento nacional”, adverte.

A defesa da democracia é outro ponto levantado. Para tanto, é necessário repudiar a mobilização “covarde e cínica” de  Bolsonaro e dos golpistas por anistia.

“Sem a punição exemplar de seus crimes contra o Estado Democrático de Direito, a frágil democracia brasileira continuará vulnerável ao golpismo e pode sucumbir, cedendo lugar a um regime abertamente fascista”, diz a entidade.

Internacional

No plano internacional, a CTB afirma que é dever denunciar e condenar energicamente o genocídio sionista na Faixa de Gaza; defender o fim do conflito entre Rússia e Ucrânia, por trás do qual encontram-se os EUA e a OTAN; e exigir o fim do criminoso bloqueio contra Cuba.

Também considera fundamental lutar por uma nova ordem mundial, fundada no efetivo multilateralismo, respeito do direito à autodeterminação das nações, solução negociada dos conflitos internacionais, desenvolvimento soberano e sustentável das nações.

Por fim, o sindicalismo classista reputa que não há saída para as crises econômicas, políticas e ambientais nos marcos do sistema capitalista.

“Mais do que em qualquer época de sua história, a humanidade está diante do dilema entre barbárie ou socialismo.”

“O maior desafio com que o movimento sindical e as forças progressistas se defrontam na atual conjuntura é o de ampliar a capacidade de mobilização, convencimento e conscientização da classe trabalhadora e do povo brasileiro para a luta contra os retrocessos e pela transformação da sociedade brasileira no rumo de uma sociedade democrática, soberana e menos desigual”, finaliza.

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