SP sofre novo ‘apagão’ sem que Enel ou Sabesp assuma a responsabilidade

Empresas jogam uma para a outra a responsabilidade do corte de energia que atinge bairros do centro da capital paulista e deixa moradores, comércio, escolas e hospitais sem luz

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A Enel, concessionária de energia, acusa a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) de realizar uma escavação que atingiu cabos que distribuem energia e, com isso, deixou diversos bairros da cidade de São Paulo estão sem eletricidade desde segunda-feira (18), por volta das 10h30. Por outro lado, a Sabesp foi categórica ao afirmar que suas obras não foram responsáveis pelo “apagão” que atinge Higienópolis, Bela Vista, Cerqueira César, Santa Cecília e Vila Buarque.

A situação fez com que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, encaminhasse “ofício à ANEEL, incumbida pela fiscalização dos serviços prestados pela concessionária ENEL, determinando célere e rígida apuração dos fatos, bem como responsabilização e punição rigorosa da concessionária, que tem de forma reiterada apresentado problemas na qualidade da prestação dos serviços.”

Na nota do ministério ainda é destacado que a interrupção nesta segunda-feira, se soma a diversas outras falhas na prestação dos serviços de energia elétrica pela concessionária ENEL SP, que tem demonstrado incapacidade de prestação dos serviços de qualidade à população. A concessionária ENEL tem obrigações estabelecidas no seu contrato de concessão, devendo manter índices de qualidade no atendimento aos consumidores e disponibilização de meios para regularização do fornecimento em caso de falhas, dentro de padrões adequados, para um serviço público essencial à vida das pessoas. É urgente a comprovação de que a empresa seja capaz de continuar atuando em suas concessões no Brasil.”

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O ministro também convocou o presidente da ENEL Brasil para que preste esclarecimentos.

O ‘apagão’ atinge 35 mil pessoas e afeta moradores, hospitais, entre eles a Santa Casa de Misericórdia, além de comércios e escolas.

Precarização

A privatização da energia tem gerado diversos transtornos para os paulistanos. Em novembro de 2023, a Enel deixou milhões sem energia em um apagão que, para muitas pessoas, durou até sete dias. Por causa desse episódio a Aneel multou a empresa em R$165,8 milhões.

Antes da multa, em janeiro, o problema voltou a se repetir e os bairros de Moema, Vila Nova Conceição, Planalto Paulista, Aclimação, Cambuci e Vila Mariana ficaram sem energia.

O apagão da Enel no ano passado foi tão grave que foi utilizado como exemplo contra o plano de privatização da Sabesp por conta da precarização dos serviços. Ao eleger o lucro acima do serviço prestado, a empresa deixou milhões de pessoas desamparadas.

A falta de resposta rápida pela intempérie climática evidenciou a falta de estratégia da empresa para eventos atípicos e, sobretudo, a falta de profissionais para atender a demanda – sendo que muitos deles são terceirizados.

A precária situação expôs os malefícios da exploração máxima do trabalho, que visa cada vez mais lucro às custas dos trabalhadores.

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Isto agora pode acontecer com a Sabesp, levado a cabo o projeto de privatização pelo governador Tarcísio de Freitas.  E nesse ponto, não é que as duas empresas se encontraram na atual celeuma por quem causou este apagão de março?

Nesse jogo de empurra entre quem já privatizou e deixou a população sem luz e quem pode privatizar e complicar o abastecimento de água da maior metrópole da América Latina, ainda não se sabe quem é o responsável pela culpa do último corte de energia. O que se sabe é que mais uma vez quem sofre são os moradores da cidade de São Paulo.